crédito merecessem estas informações' - transmitidas por vários oficiais - respondia-lhes que as
promoções no Exército não podiam ser feitas por amizades ou genética e que os Altos Comandos das
três Forças eram soberanos em suas decisões, não devendo delas dar satisfação a ninguém.
A 29 de março embarquei para o Rio de janeiro; na noite de 30 o Chefe da Casa Militar deu-me
conhecimento das promoções, com a solicitação de rotina de não serem divulgadas antes das onze
horas do dia seguinte.
Na manhã do dia 31, dirigi-me à Vila Militar, onde o Exército ofereceria um almoço ao
presidente, comemorando o aniversário da Revolução. Deveriam comparecer os ministros militares
e, também, almirantes e brigadeiros que serviam na área. Cheguei ao Quartel-General da 1á Divisão
de Exército ainda cedo. Aos toques regulamentares um oficial do Estado-Maior da divisão
aproximou-se para informar:
- O general Pires está no seu gabinete com o brigadeiro Délio, mas já virá recebê-lo.
Realmente, pouco depois o comandante da 1á Divisão de Exército apresentou-se e subimos para
a varanda do andar superior. Ali, perguntou-me por que o general Darcy não fora incluído na lista de
escolha. Respondi-lhe:
-Você não é de Cavalaria? Não o conhece profissionalmente? Logo...
Palestramos durante algum tempo e descemos para aguardar, à porta do quartel, a chegada do
presidente.
Prosseguindo na conversa quis o general Walter Pires saber os nomes dos promovidos. Indaguei
se já não os conhecia. O general citou, então, sem erros, os nomes dos 14 contemplados com as
promoções.
- Foi o Figueiredo quem lhe disse?
- Não! Concluí pelo que se dizia e do exame da lista...
- Você, Pires, deve jogar na loteria esportiva, pois acertará, disse-lhe rindo.
Era evidente que o general Walter Pires soubera das promoções antes do dia 31. Isto nada teria
de grave, se não houvesse uma recomendação do presidente - repetida sempre ao ministro - para não
divulgá-las antes das onze horas das datas fixadas em lei. O ministro estava, portanto, impedido de
fazê-lo, porém os assessores presidenciais tinham campo livre. Difundiam-se informações a título de
amizade ou consideração, colocando os difusores na situação simpática de chefes interessados pelos
subordinados. Manipulavam-nas, sistematicamente, em busca de prestígio, no que se denomina, com
asco, tráfico de influência.
Na tarde da quarta-feira, 30 de março, vários oficiais do Quartel-General da lá Divisão de