A ADMINISTRAÇÃO
A administração do Exército - repisando o assunto - cinge-se, em sentido lato, à preparação da Força
Armada para a guerra, apresto que é, ou melhor, deveria ser norteado por planejamentos. O
reaparelhamento do material sofre, como já foi dito, fortes injunções dos créditos orçamentários,
sempre minguados quando se trata de aquisições de material bélico. Falham, assim, as previsões em
vista dos cortes inopinados e sucessivos, agravada a situação com restrições impostas pela
Secretaria de Planejamento - órgão tirânico em matéria de despesas. O diferimento, a que já aludi, é
uma delas.
No período de paz, num país como o nosso - carente de tudo que é essencial e com exuberância
do supérfluo -, o Exército tem que atender a muitos setores que não lhe cabem por missão
constitucional, mas que sustentam a nossa "retaguarda social"; satisfazendo as necessidades vitais de
nossas famílias. Estão neste caso as questões educacionais e de saúde, com tanto alarde pregadas
nesta terra e com maior descaso tratadas.
Em 1977, continuava o ministro lutando, sem fugir a esta orientação, por um Colégio Militar para
Brasília e um novo Hospital Central para o Exército. Um grande clube para a já numerosa guarnição
da capital, proporcionando aos oficiais e suas famílias local para reuniões sociais e prática
esportiva, fazia, também, parte de nosso programa de ação. Em casos de absoluta necessidade,
valíamo-nos dos clubes da Marinha e da Aeronáutica, sempre cedidos com o sentimento de
fraternidade e compreensão que nos une àquelas Forças. Todavia, era uma situação de
constrangimento para o Exército perturbar os programas sociais daquelas agremiações irmãs.
As dificuldades para obter recursos do governo cresciam dia a dia, justificadas pela crise do
petróleo, cavalo de batalha presente em todas as explicações para a contenção das despesas e
mascaramento de nossa incapacidade na recuperação econômica do país.
Logo no início daquele ano, em janeiro, resolveu o governo criar o Certificado de Recolhimento
Restituível para controlar o gasto de carburantes. Houve uma reunião ministerial para conhecimento
da decisão e esclarecimento da dinâmica do novo processo de fiscalização. É preciso notar que o
Ministério não foi convocado para opinar mas, sim, para conhecer a decisão presidencial e aplicá-la.
Contudo, não foi tranqüilo este encontro de ministros, visto que surgiram numerosas perguntas sobre
o uso dos talões e o "depósito restituível". Ao meu lado, o Ministro das Relações Exteriores achava-
o inexeqüível para os motoristas profissionais, outros admitiram a possibilidade de fraudes com os
talões e alguns consideraram as "simonetas , como o sarcasmo popular batizou os talões de