IDEAIS TRAÍDOS - sylvio frota - 706 Págs

(EROCHA) #1

mentirosos e propiciadores de intriga entre a população e o Exército eram difundidos às escondidas,
através de elementos que, por ignorância ou interesses inconfessáveis, a isso se prestavam.


O meu Serviço de Informações - CIE - trouxe-me notícias de que interesses das companhias
imobiliárias opunham-se, naquela área, a construções que se tornariam competitivas em relação às
que estavam em execução na Barra da Tijuca.


Envolviam nisso o próprio prefeito e o chefe de seu gabinete como testas-deferro das grandes
empresas. A este último os informes atribuíam esforços no sentido de evitar as edificações, porque
também tirariam a vista do mar aos apartamentos do prédio número 92 da rua Francisco Otaviano,
onde residia.


Não acreditei, absolutamente, nestas versões.

Entretanto, estes comentários não ficaram restritos aos órgãos de informações, visto que o Diário
de Notícias de 13 de julho de 1976, à página 5, levou-os ao conhecimento público:


O Forte de Copacabana e o Exército

A pior coisa que pode acontecer é uma pessoa falar de um assunto sem que esteja devidamente
informado [sic]. O problema do Forte Copacabana [sic] é típico, e muita gente fala sem saber
exatamente do que se trata. Vamos contar tudo.

Tudo começou com uma audiência concedida pelo ministro Sylvio Frota ao prefeito do Rio de
janeiro, em Brasília. Na oportunidade, o sr. Marcos Tamoyo pediu ao ministro prioridade para a
compra do imóvel, dando, inclusive, preço: 700 milhões de cruzeiros.

Evidentemente que o Exército Brasileiro precisa de dinheiro, principalmente para realizar
obras de restauração dos prédios onde funcionam quartéis, e em conseqüência, o general Sylvio
Frota ficou satisfeito com a oferta, aceitando-a imediatamente.

Para surpresa do ministro e de todo o Exército, o deputado Cláudio Moacyr pediu na
Assembléia que o Ministro do Exército doasse à cidade o prédio do Forte Copacabana [sic], e,
segundo se soube mais tarde, o parlamentar em questão estava falando "a pedido do prefeito
Tamoyo':..

O Ministério do Exército tomou então a seguinte (e correta) medida: abriu concorrência para
vender o imóvel, o que já foi feito, e está em curso, esperando-se para os próximos dias o
anúncio do nome da empresa vencedora. Foi só isso que aconteceu, e o Exército não pode agir
com benemerência, pois ele também precisa de dinheiro.

Neste período de lutas para obter recursos a fim de equipar o Exército, não podia deixar de
estranhar a indiferença do presidente no porfiado combate que travava. Pressentia nele uma
satisfação indisfarçável pelo fracasso nas tentativas de alienar aquela área.

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