Varo: que fizestes dos meus milhões?
A constituição de um Fundo de Saúde, que beneficiasse a família militar em seu todo, era
prevista em lei. Apesar disso, organizar este Fundo não era tarefa fácil, em virtude das dificuldades
em obter recursos para formar um capital de giro e da inexistência de uma estrutura de saúde que
suportasse o volume de pacientes beneficiados.
Em 1974, após assumir o cargo de ministro, abordei o problema da assistência médica aos
militares e seus dependentes. A questão era, além de difícil, muito complexa. Faltava-nos o principal
- os recursos -, embora a lei autorizasse o desconto de até 3% no soldo, o que poderia manter um
Sistema de Saúde, mas, na verdade, não permitiria seu funcionamento inicial por falta de uma reserva
financeira. Uma fórmula para solucionar este óbice seria determinar os descontos no seu valor
máximo - 3% - estipulando um prazo de carência para o início do gozo das vantagens. Tal medida, no
entanto, nos acarretaria graves aborrecimentos, porquanto muitos militares não compreenderiam este
descompasso entre os descontos e o atendimento gratuito ou semigratuito. A agravar este aspecto
estava a generosidade da lei, que colocava nas concessões sem despesas, medicamentos, aparelhos,
trabalhos radiográficos, exames químicos etc., onerando os gastos.
Nesta situação, procurei obter apoio do governo, visando a instituir o Fundo de Assistência
Médico-Social do Exército (FAMSEx) para facilitar uma estrutura capaz de evitar a solução de
continuidade entre o desconto e o uso da vantagem. Um projeto foi elaborado neste sentido. Tomando
como base o nosso efetivo e o fator de saúde estipulado pelo EMFA, oficiei, em agosto de 1974, ao
Ministro do Planejamento, solicitando uma verba de 180 milhões, anualmente, para o FAMSEx, com
objetivo de compor e sustentar uma estrutura básica conforme as imposições determinadas em lei.
Fiz acompanhar a solicitação do projeto do FAMSEx.
Este pedido, sob o pretexto de sempre - a premente necessidade de economizar -, não nos foi
concedido. Voltei a insistir, reduzindo o fator de saúde de metade, o que nos daria apenas 90
milhões. Nova negativa, em que a inflação e a redução de despesas impunham-se como argumentos
decisivos.
Todavia, como já disse algures, de conformidade com o discurso do deputado Faria Lima, em 27
de junho de 1977, "bilhões da poupança popular são entregues a aventureiros apadrinhados dos
tecnocratas...".
O tempo corria sem que o problema caminhasse para solução imediata; tornei-me, em vista
disso, mais modesto em minhas pretensões. Tentei organizar, com nossos próprios recursos, o Fundo
de Saúde do Exército (FUSEx). Precisávamos, contudo, de uma estrutura que se estendesse a todo o
país e, como a nossa, por sua finalidade e restrições financeiras, não estava preparada para tomar
esse compromisso de atender militares e famílias em qualquer lugar de nosso território, voltei-me
para as organizações civis.
Deste trabalho foi encarregado o brilhante general que é Mário Silva O'Reilly Sousa, naquela