IDEAIS TRAÍDOS - sylvio frota - 706 Págs

(EROCHA) #1

adaptar-se-ia com dificuldade a novo ambiente, guardando sempre saudades insopitáveis da vida
castrense.


Ele leva e deixa lembranças inapagáveis de fatos dos quais participou e que marcaram fases ou
épocas de sua passagem pelo Exército. Jamais dirá "o regimento em que servi'; mas, sim, "o MEU
regimento". Realmente, ele também lhe pertence pois permanece em seu coração.


Vemo-lo, por isso, quando se vai, após transpor o portão da guarda, voltar-se, e lançar ao velho
pavilhão do quartel um olhar de tristeza e afetividade, afastando-se, lentamente, como se caminhasse
para o túmulo.


Entretanto, os velhos chefes não morrem, afastam-se apenas. Perduram na memória de seus
subordinados através dos exemplos que lhes legaram. Preserva-os a tradição, que se alicerça no
afastado presente do acontecimento pretérito, porque, em última análise, o presente nada mais é do
que o futuro do passado ao tempo que é o passado do futuro. Estas manifestações são, portanto, além
de salutares, necessárias.


Procurei sempre prestar aos generais que exerceram cargos no EMFA e no STM as homenagens
do Exército, quando deixavam definitivamente suas funções.


Em julho e setembro ocorreram, respectivamente, as despedidas dos generais Syseno Sarmento e
Moacyr Potyguara - este ainda no cargo de Chefe do EMFA. As cerimônias, conduzidas com natural
emoção, transcorreram com extrema cordialidade.


Em relação ao EMFA havia uma preocupação do presidente de substituir o general no curto
prazo de 48 horas após ter passado para a reserva, o que ocorria normalmente na data em que
completava o tempo de permanência no Exército. Assim aconteceu com os generais Humberto de
Souza Mello e Antonio Jorge Corrêa que, forçados a transmitir a chefia daquele alto órgão, o fizeram
em curto prazo. O general Corrêa passou a função às pressas ao general Moacyr Barcellos Potyguara,
que se empossou no cargo sem deixar o Comando do IV Exército, o que só conseguiu fazer depois.


A insistência partia do Presidente da República, argumentando que não se podia permitir a um
general da reserva ocupar a Chefia do EMFA. Este argumento, no entanto, não era o verdadeiro,
visto que o general Potyguara, que foi atingido pela compulsória a 22 de setembro de 1977,
permaneceu naquelas funções até depois do dia 12 de outubro daquele ano e teve parte ativa nos
acontecimentos daquele dia.


Falei ao presidente, quando se aproximou a data do afastamento do general Potyguara, sobre a
sua substituição em vista do prazo de 48 horas que vinha sendo, sistematicamente, cumprido.
Respondeu-me o presidente que um preceito regulamentar amparava a sua permanência por 45 dias
após a transferência para a reserva.


Todavia, este preceito já era antigo e não foi invocado para Humberto de Mello nem para
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