Uma digressão torna-se, agora, indispensável para percepção do meu ponto de vista.
O político e o militar - formados para viver em ambientes profissionais dessemelhantes - têm,
forçosamente, de usar técnicas de vida diferentes. Seus instrumentos de ação, não raro, são
antagônicos e suas formas de solucionar questões, bem diversas. A conciliação integral entre as duas
mentalidades, encarada num sentido lato, sempre me pareceu irrealizável.
O político instala-se na acomodação para resolver seus conflitos; cede aqui, porém
invariavelmente tomará algo ali, em compensação.
O militar obstina-se na dominação e, normalmente, não transige.
Seus problemas resolvem-se pela imposição.
O sofisma - mentira eufêmica ou verdade desvirtuada - tem largo emprego na acomodação, ao
passo que é repelida nas soluções castrenses. No choque desses valores e concepções realça-se o
desajuste de procedimentos.
O militar político defronta-se, pois, com o dilema: ou decide de acordo com os preceitos de sua
educação militar ou, abandonando-os, adota solução politicamente vantajosa.
Todavia, é preciso que o político não se esqueça de que o poder que empunha, quando legítimo,
é assegurado pelo militar. Não pode, por conseguinte, a instituição militar ser abalada por investidas
de irresponsáveis ou marxistas, visando a desmoralizá-la e enfraquecê-la perante a opinião pública.
Gravíssimo é permitir que o façam visto que, além de debilitar indiretamente o governo, escarnece e
ultraja o militar.
No entanto, não soube de uma única autoridade no palácio do Planalto que, ao menos,
demonstrasse laivos de indignação. Pensavam todos como políticos.
Ocorreu, como já mostrei, universal omissão.
Resolvi, pois, tornar pública, por intermédio de uma nota a decisão de levar às barras dos
tribunais o caluniador. Redigi-a na noite de 7 de setembro, deixando, para isso, de comparecer à
recepção do Itamaraty. O coronel Chefe da Assessoria de Relações Públicas do Exército recebeu
ordem de expedi-la no dia seguinte.
Ei-la:
O Ministério do Exército, ante as públicas e notórias aleivosias lançadas aos militares, vê-se na
contingência de expedir a seguinte Nota:
Os jornais têm divulgado, constantemente, matéria que, direta ou indiretamente, visa a atingir