contingente de esquerdistas sequiosos de eliminar o que um senador - muito conhecido por suas
idéias marxistas - chamou de "última pedra no caminho da democracia".
Os generais-de-exército, praticamente prisioneiros do Planalto, não se envergonharam de
impedir fosse a nota ministerial - emitida por quem ainda era ministro - lida na tropa.
E... esta nota tivera como base todas as informações que eles próprios me traziam, tendo eu a
certeza de que estava redigida de acordo com o pensamento militar da época. Foi mais um "belo"
exemplo de indisciplina dado pelos homens de quatro estrelas aos oficiais em geral.
A AUDIÊNCIA COM O PRESIDENTE E A MINHA EXONERAÇÃO
Na manhã do dia 12 de outubro, fui despertado por um telefonema do general Hugo Abreu. Era o ato
final da Farsa.
Disse-me Hugo Abreu - naquela ocasião já aliado do grupo do Planalto, em cujo beneficio
trabalhou ardorosamente - que o presidente Geisel desejava falar-me às nove horas. Indaguei se
conhecia o motivo; respondeu-me que não sabia.
Tinha de agir desta maneira, pois participava da confabulação.
Estabeleci imediata ligação com o coronel meu assistente recomendando-lhe que não se afastasse
de sua casa - o dia fora considerado feriado em Brasília - até meu regresso do palácio do Planalto.
- O senhor irá se aborrecer muito hoje, ministro! É o caso do Bethlem...
Também pensava deste modo. O presidente, admitia eu, resolvera abordar o caso do relatório do
III Exército.
Acompanhado de meu ajudante-de-ordens, pouco antes das nove horas, tomei o caminho do
palácio. Ao passar pela sede do Comando da 3á Brigada de Infantaria Motorizada notei, no mastro
do quartel, o pavilhão do general comandante da Brigada. Não me recordo se comentei o fato com
meu ajudante-de-ordens, mas estranhei que num dia sem expediente nos quartéis o general Roberto
França Domingues - casado com a sobrinha do presidente - ali estivesse naquela hora.
Completamente alheio ao que estava ocorrendo, convencido de que o chamado do general Geisel
prendia-se ao caso do relatório do III Exército, não dei maior atenção à ocorrência.
O palácio do Planalto estava deserto; nem o general Hugo Abreu, que obrigatoriamente recebia
os ministros militares, lá estava. Deve ter se ocultado, num espasmo de vergonha, pela traição que
fazia ao seu amigo general Frota.
Na ante-sala do gabinete presidencial o major ajudante-de-ordens aguardava-me: