demissão, visando a assessorar o novo ministro, o que ocorreu, no mínimo, até 27 de outubro de
1977, data em que presenciou, ao lado do general Bethlem, a passagem de Comando do Batalhão da
Guarda Presidencial.
A fotografia publicada no Noticiário do Exército de 10 de novembro de 1977 é documento que
dissipa dúvidas.
Deixando o Centro de Informações do Exército regressei ao meu gabinete, onde era visível a
azáfama com que trabalhavam meus auxiliares. Recebi nessa ocasião telefonema do general-de-
exército Moacyr Barcellos Potyguara, que me indagou quando pretendia passar as funções. A
pergunta foi feita em tom normal refletindo uma certa ansiedade. Respondi-lhe que estava terminando
a "limpeza" do gabinete, o que não ocorreria antes das seis horas da tarde. Pediu, então, que fixasse
uma hora, ao que atendi estabelecendo as seis e meia.
Os difamadores de sempre procuraram deformar este diálogo, dizendo que Potyguara, a mando
de Geisel, intimara-me a passar as funções. Tal intriga carece de consistência dado que faltavam ao
general Potyguara condições funcionais para isto, por ser Chefe do EMFA, nada tendo com o
Ministério e, ainda, porque não admitiria esta interferência sem que a repelisse à altura com resposta
adequada. Transmitir-me ordem de Geisel naqueles instantes era expor-se a uma réplica agressiva.
A rápida ligação refletiu apenas naturais emoções do momento.
Conforme assentáramos, procurou-me o general Argus Lima. Foi um encontro difícil e, para mim,
muito penoso. Não desejo repisar a afirmação de nossa recíproca estima, a que já aludi por várias
vezes, contudo quero acentuar que Argus estava bastante comovido.
Disse-lhe palavras amargas que o abrangiam e a todos os generais do Alto Comando. Desta
conversa áspera, em que fluíam aos borbotões censuras aos meus colegas generais-de-exército,
recordo-me com precisão apenas das locuções iniciais:
- Então, Argus? Vocês generais a quem eu sempre tratei com o máximo de consideração, a quem
apoiei e prestigiei em todas as ocasiões, no momento em que os convoco para uma reunião, vão se
ajoelhar aos pés do Papa Doc... É incrível!
O general Argus manteve-se sereno e ouviu pacientemente o extravasar de minha indignação.
Contou-me a cena de Recife e o telefonema melífluo do presidente Geisel, ocorrências a que já fiz
menção páginas atrás. Pôde verificar, ao contrário do que se espalhava no palácio do Planalto, que
eram normais as condições de vigilância no quartel-general, cuja guarda nem fora reforçada.
Demorou-se pouco e retirou-se convencido de que a transmissão do cargo far-se-ia breve. É mais
uma calúnia que se tem divulgado, a de que tinha ido ao quartel-general para espionarme. Não é
verdade porque fui eu, na conversa telefônica do CIE, que o aconselhei a ir ao Ministério, pois
pretendia ir ao Centro para falar-me.