A CONJUNTURA POLÍTICA EM 1978
O ano de 1978 iniciou-se com novo panorama político - a indicação oficial de um candidato à
sucessão presidencial. O nome do general-de-divisão João Baptista de Oliveira Figueiredo foi
pública e oficialmente homologado pelo general Ernesto Geisel. O grupelho do palácio, já ali
engajado por quatro anos, acabava de assegurar seu reengajamento por mais seis, conforme a
"salutar" medida prevista no previdente "Pacote de abril", na esperança de obter, mais tarde,
definitiva permanência naquela área de "constantes sacrifícios e desgastes".
Sobre essa decisão do presidente Geisel, diz Hugo Abreu na página 100 do seu primeiro livro
editado:
Em nome de 120 milhões de brasileiros, que não lhe passaram procuração para isso, Geisel
ungia herdeiro seu na Presidência da República um general sem maior prestígio no Exército, já
que se encontrava afastado de suas fileiras havia muito tempo e a ele nunca prestara maiores
serviços. Mas, além de não ter prestígio no Exército, também não dispunha de qualquer projeção
fora dele, não sendo para a opinião pública senão um ilustre desconhecido.
Estas palavras do general Hugo Abreu nada mais eram do que a ressonância do que se
murmurava no Exército sobre o general João Figueiredo. Diziam os moderados no julgar que ele,
depois de promovido a general, somente exercera um cargo especificamente militar - o de Chefe do
Estado-Maior do III Exército - em que permaneceu alguns meses, jamais tendo comandado uma
organização de tropa.
Os cargos que ocupara eram todos alheios ao Exército, por isso ficara em situação de agregado.
A referência do general Hugo Abreu "e a ele nunca prestara maiores serviços" era também
amparada pelos comentários feitos por oficiais - logicamente não pertencentes à camarilha do
general Figueiredo - de que a única comissão de comando que tivera fora a de comandante do antigo
1° Regimento de Cavalaria Divisionário - Dragões da Independência - na qual apenas se destacara
por ter levado a sua unidade do Rio de janeiro para Brasília, quando da transferência da sede do
Regimento, tarefa que qualquer capitão da Arma de Cavalaria poderia executar a contento.
Outros mais viperinos demonstravam o amargor dos oficiais de Cavalaria que serviram naquela
unidade, por ter o então coronel Figueiredo prometido que, sob seu comando, os Dragões da
Independência não iriam para Brasília - promessa vã que não cumpriu.
Quanto à afirmação de que o general Figueiredo não dispunha de qualquer projeção fora do