Partiram de jovens idealistas, na temeridade infinita que só o desespero instiga e o patriotismo
ardente explica. Repetiram no espaço a tentativa gloriosa que se findou nas areias de Copacabana.
Conscientes de seu sacrifício, pretenderam com ele despertar a Nação para a ameaça, sempre
crescente, aos padrões morais e fundamentos políticos da sociedade brasileira.
Cometeram, todavia, o mesmo erro dos heróis de 1922; não tinham o apoio político que, como já
focalizei no início deste trabalho, lhes seria indispensável.
A primeira, em fevereiro de 1956, foi Jacareacanga. Entre seus objetivos imediatos estava o de
sanear a democracia, expurgando-a das oligarquias defendidas pelo general Henrique Lott e
livrando-a também da nefasta ação de João Goulart.
Aragarças veio quase quatro anos depois, em 1959. Motivaram-na não só o quadro de
descalabro que persistia, como a divulgada renúncia de Jânio Quadros à candidatura para Presidente
da República, eliminando, assim, a esperança de uma solução pacífica. Outra razão, não menos
ponderável, foi a divulgação de que o agitador e aventureiro Leonel Brizola, na época governando o
Rio Grande do Sul, tinha em adiantado planejamento um golpe de esquerda. Tais informações deviam
estar bem fundamentadas porque "pelegos" e sindicalistas, confundindo o movimento de Aragarças
com a prevista ação brizolista, chegaram a manifestar-se no estado do Pará.
Jacareacanga e Aragarças sublimaram o idealismo de 1922 - que almejava uma Pátria, imune de
pressões alienígenas, na qual florescesse, sob nobres padrões morais, uma Nação livre.