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Os agricultores abriram uma garrafa de ruou,
o equivalente vietnamita da aguardente, para
comemorar o que parecia ser uma colheita im-
pressionante. Foram passadas rodadas de copos
e mais pedaços de carne de porco salgada. Acabá-
mos por adormecer junto da fogueira, aconchega-
dos para aquecer enquanto o vento assobiava.
DEVO TER MERGULHADO NUM SONO PROFUNDO,
tão profundo que não reparei quando uma chuvada
torrencial rebentou às primeiras horas da madru-
gada, despejando um enorme volume de água em
cima do oleado azul estendido sobre as nossas
cabeças. No instante em que acordei, sobressal-
tado, o pânico reinava no local do acampamento.
A colheita de Cho, de 350 quilogramas, poderia
valer quase 1.800 euros aos preços actuais, qua-
se tanto como o salário médio anual do Vietna-
me. Mas o volume de água acumulada estava a
pressionar a frágil cobertura sobre a fogueira do
acampamento. Tivemos medo de que o oleado se
rasgasse com a pressão, encharcando as vagens
para lá de qualquer possibilidade de recuperação.
Escutaram-se muitos gritos. Tachos e panelas
tiniam. Feixes de luz de lanternas varriam a es-
curidão. Cho corria de cima para baixo e saltava
sobre a fogueira, tentando amarrar de novo um
pedaço rasgado do oleado às estacas da tenda.
Mas a chuva continuava a cair.
Quando a tempestade amainou, cerca de uma
hora mais tarde, era quase dia. O oleado sofrera
rasgões e muitas das pessoas que se encontravam
por baixo, eu incluído, tinham fi cado quase en-
charcadas. O thao qua, porém, continuava seco.