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Na última década, a beleza progrediu rumo a
territórios anteriormente considerados nichos.
Termos como não-binário e transgénero fazem
agora parte da narrativa comercial da beleza.
Enquanto os direitos das comunidades LGBTQ
eram codificados nos tribunais, a sua estética es-
pecífica foi absorvida pelo diálogo da beleza. Mo-
delos transgénero pisam as passerelles e figuram
em campanhas publicitárias. Os seus corpos são
aclamados como fontes de inspiração.
O catalisador da mudança na forma como en-
tendemos a beleza foi uma tempestade perfeita
de tecnologia, economia e uma geração de consu-
midores com um conhecimento estético apurado.
Quando falo em tecnologia, refiro-me às redes
sociais em geral e ao Instagram em particular.
O factor económico fundamental é a concorrên-
cia implacável pelo aumento da quota de merca-
do e a necessidade de cada empresa aumentar
o seu público-alvo de potenciais consumidores
- dos vestidos de marca aos bâtons. E os líderes
dos estudos demográficos, como sempre nos dias
que correm, são os millennials, com uma ajuda
de baby boomers que fazem tenção de morrer
com abdominais bem definidos.
As redes sociais mudaram a forma como os jo-
vens consumidores se relacionam com a moda.
É difícil de acreditar, mas, na década de 1990, a
ideia de os fotógrafos publicarem imagens das
passerelles na Internet era escandalosa. Os estilis-
tas viviam sob o terror de verem as suas colecções
publicadas na Internet, temendo que pudessem
dar origem a falsificações que lhes arruinassem o
negócio. E a grande revolução viabilizada pela In-
ternet consistiu no facto de os consumidores pas-
sarem a conseguir ver, quase em tempo real, toda
a amplitude da estética da indústria da moda.
No passado, as produções eram mantidas em
segredo. Não eram feitas a pensar nos consumi-
dores, e as pessoas que assistiam aos desfiles fala-