32 NATIONALGEOGRAPHIC
TODOSOSANOS,COMACHEGADADAPRIMAVERA,
oschoupos-brancos(Populusalba)libertama sua
cargadesementes.Graçasaorevestimentode
penugembranca,dispersam-sepeloventocomo
flocosdeneve.Essapoeiraé constituídaporfila-
mentos leves e resistentes que permitem às
sementesnavegarpeloare germinaremsolos
distantesdaárvore-mãe.
Paramuitosanimais,comoo chapim-de-faces-
-pretas,estaabundantematéria-prima émuito
útilparaa construçãodosninhos.Estapequena
avededezcentímetrosconstróiumdosninhos
maiscomplexosdaavifaunaibérica,algoqueo
naturalistaJordiSargataljáobservouváriasve-
zesnum territórioqueconhecebem: oParque
NaturaldelsAiguamollsdel’Empordà,umadas
zonashúmidasmaisimportantesdaCatalunha.
“Oschapins-de-faces-pretasconstroemoninho
emárvorespertodaágua,sobretudosalgueiros,e
escolhemramosfinose flexíveisparaevitarque
os predadores, demasiado pesados, consigam
aceder-lhe”,explica.
Quandoa épocadeacasalamentoseavizinha,
os machos constroem estes ninhos globulares
paraatrairasfêmeas.“Entrelaçamfibrasvegetais
comgrandesquantidadesdepoeira,pedaçosde
lãdeovelhaqueencontrampresosnomatagale,
até,teiasdearanha”,acrescenta.Oresultadoé um
ninhoextraordinariamenteelásticoe densoque
pendedapontadoramoe quepossuiumaaber-
turatubulardeacessoaointerior.Aestruturaé
muitoresistentee suportatantoaschuvascomo
osembatesdanortada.Seo ninhoagradara uma
dasfêmeas,estaterminaráa obrae tratarádefor-
rare acondicionaro interior.
Depoisda cópula,fará aposturadosovose,
quandoospintosestiveremporsuaconta,o ni-
nhoseráabandonado.Norestodoano,asaves
procurarãoabrigonomeioda vegetaçãoeessa
obradeartequetantotrabalhodeua construir
- entre8 e 16diasdededicaçãoabsoluta– será,
provavelmente, desmantelada pelas forças da
naturezae convertidadenovoemmatériaorgâ-
nicareciclávelquevoltaráa serutilizadaporuma
grandeprofusãodeseresvivos.
O chapim-de-faces-pretas não é a única ave
tecelã.Existemnomundomaisdecemespécies
quefazemninhossemelhantescomdiferentesfi-
brasvegetais.Tambémháformigastecelãs,como
asdogéneroOecophylla, comhábitosarborícolas
ecujasobreirasconstroemformigueirosaéreos
cosendofolhascoma sedasegregadapelaslarvas.
E,evidentemente,háo casodasaranhas:maisde
41 milespéciessegregammúltiplosfiosdeseda
paratecerredescompropriedadesbiomecânicas
ultrarresistentes. Algumas são enormes, como
a queseencontrouemMadagáscarem2009,fa-
bricadapelaaranha-da-cortiçadeDarwin(Cae-
rostrisdarwini): comumcorpocentraldequase
trêsmetrosquadradose pontosdefixaçãoaté 25
metros,atravessavaumriolargo,deumamargem
à outra.Existemoutrosexemplosdesustentabili-
dadequeprovarama suaextraordináriasolidez.
Outrosanimaisconstroemosseusninhoscom
barro.Entreelesencontram-seosforneiros,aves
daAméricaCentrale doSule asnossasandori-
nhasque,segundoJordiSargatal,“precisamde
encontrar barro húmido, que transportam na
boca até aolocalescolhido para a nidificação.
Comessebarro,salivae palha,fazemumapasta
paramodelarosninhos,quecostumamconstruir
nasparedes,sobosbeiraisdostelhados”.
Paraespécies comoaandorinha-dáurica (Ce-
cropisdaurica), a tarefaé aindamaisdifícil,pois
emvezdeconstruiro ninhonumaparede,fá-lo
notectoe essahorizontalidadecomplicao traba-
lho.“Éextremamentedifícilconseguirqueo bar-
ropeguee nãocaia,devidoaoseuprópriopeso”,
assegurao ornitólogo.É tambémumatarefaesgo-
tante,umavezque,paraumúniconinhodean-
dorinha,sãonecessárias,emmédia, 400 viagens,
e osconsequentes 400 pedaçosdebarro.Acons-
truçãodemoramaisdeduassemanas.
YVA MOMATIUK E JOHN EASTCOTT/MINDEN PICTURES
TEXTO DE EVA VAN DEN BERG
Este tecelão-sociável (Philetairus socius) constrói
ninhos comunitários que acolhem centenas de
aves de diferentes gerações, como neste exem-
plo da Namíbia, construído num exemplar da árvo-
re da aljava, como lhe chamam os autóctones.