74 Fotografe Melhor no 281
A Leica de
35 mm e a
Hasselblad de
6 x 4,5 cm eram
as câmeras
preferidas
do fotógrafo
alemão, que
chegou a São
Paulo em 1937
Acima, torre
administrativa
do Congresso
Nacional, em
Brasília (DF),
registrada em
1960 por Scheier
Para Lenci, o olhar do avô era de um
estrangeiro curioso e fascinado pelo Brasil.
“Fora o trabalho de arquitetura, pelo
qual certamente ele é mais conhecido, a
exposição resgata o lado mais humano,
o seu interesse pelas pessoas”, comenta.
No entanto, é importante ressaltar a
longa relação do fotógrafo com grandes
arquitetos em atividade no País, como
Lina Bo Bardi, Gregori Warchavchik, Rino
Levi e Carlos Bratke. Um dos pontos altos
da mostra são imagens inéditas do design
arquitetônico modernista de São Paulo.
Scheier era inquieto com a mobilidade
que as então novas câmeras Leica de
35 mm ofereciam, conta Lenci. “Além de
trabalhar com o 35 mm, também usava
o formato 6 x 4,5 cm da Hasselblad e
confeccionava os próprios álbuns. Era o
que a gente podia chamar hoje de geek”,
diz o neto. Entre os destaques da exposição
estão 23 álbuns produzidos por ele em
papel fotográfico. Imagens autorais,
álbuns de família, viagens e trabalhos
comissionados para empresas, além de
portfólios para cada área de atuação.
Inicialmente, Scheier chegou a fazer
imagens de casamentos, batizados e
formaturas, como vários fotógrafos da
chamada era moderna, entre eles German
Lorca, seu contemporâneo. Mas já no final
da Segunda Guerra ele passou a fotografar
para a revista O Cruzeiro, onde ficou de
1945 até 1951, produzindo cerca de 100
reportagens sobre esportes, religião,
saúde e problemas sociais. Assim como
o conterrâneo Flieg, foi responsável pelo
registro do crescimento urbano de São
Paulo na década de 1940. Nas fotografias
é possível ver os cortiços do bairro do Brás,
o surgimento do bairro de Santo Amaro,
na zona sul, distante do centro paulistano,
e eventos mais curiosos, como treino das
atletas femininas de luta livre nos anos 1950.
OLHAR INQUIETO