PIONEIRAS 83
Os quase cinquenta anos que
Biruté Galdikas passou a estudar
orangotangos selvagens na
Indonésia revelaram as vidas e
hábitos sociais destes primatas.
RODNEY BRINDAMOUR
BIRUTÉ GALDIKAS
Nascida en 1946
Uma das cientistas orientadas
pelo antropólogo Louis Leakey
investiga orangotangos desde
a década de 1970.
Convencido de que as mulheres tinham
mais paciência e discernimento do que
os homens, o paleoantropólogo Louis
Leakey ajudou três jovens mulheres
cientistas a viver entre os grandes símios.
Com financiamento da National Geogra-
phic, ele contribuiu para a construção
de estações de campo para Jane Goo-
dall estudar chimpanzés na Tanzânia,
para Dian Fossey viver entre os gorilas
da montanha no Ruanda e para Biruté
Galdikas observar orangotangos no Bor-
néu, na Indonésia. As três mulheres, que
se tornaram conhecidas como Trimates,
fizeram investigações inovadoras.
Quando Biruté entrou pela primeira
vez na Reserva Nacional de Tanjung Pu-
tting, em 1971, pensava-se que os oran-
gotangos eram difíceis de estudar. Va-
gueavam por enormes áreas florestadas
com copas densas. Biruté não tardou
a detectá-los na natureza e a interagir
com eles. Transformou a sua casa numa
“casa de transição” para ensinar animais
previamente mantidos em cativeiro e
criou órfãos quase como se fossem seus
filhos, segundo uma reportagem que es-
creveu e que foi tema de capa da Natio-
nal Geographic, em 1975.
Durante quase sete mil horas de ob-
servação, Biruté fez descobertas sobre os
orangotangos em ambiente selvagem,
compilando pormenores sobre os seus
regimes alimentares, padrões de viagem
e relações. Num momento crucial, lan-
çou um alerta, chamando a atenção para
o facto de a desflorestação estar a provo-
car a perda acelerada destes habitats.
Quase 50 anos mais tarde, Biruté Gal-
dikas ainda trabalha em campo, o que
torna a sua investigação um dos mais
longos estudos contínuos alguma vez
realizados sobre uma única espécie.