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INSTAGRAM: @DEREKBLASBERG (39)
REDES SOCIAIS
Blasberg diz que o apelo do YouTube, para Campbell e
para as marcas de moda, é a possibilidade de elas controla-
rem as suas próprias narrativas. As marcas de moda foram
extremamente lentas a abraçar as redes sociais; a forma de
estar “apenas para convidados” da indústria está comple-
tamente em desacordo com o acesso livre à internet. «Foi
arrogância ou medo?», questiona Blasberg. «O Tom Ford
nem permitia que entrassem câmaras nos desfiles. Não foi
assim há muito tempo. E agora eles estão só a começar a
abrir as portas. Agora os desfiles são transmitidos ao vivo
em qualquer computador. “Olha nós aqui. Aqui está a nossa
coleção.” O YouTube é o melhor lugar na primeira fila para
o mundo da moda», afirma com a consciência de que esta
citação é um cliché, mas di-la na mesma.
Chegamos ao Hotel The Connaught, onde Rose, assis-
tente de Blasberg, reservou o melhor lugar do bar para nós.
Pedimos os dois água com gás (Blasberg bebe álcool, mas é
sempre muito ponderado no seu consumo – crucial quando
alguém sai tantas vezes e durante tanto tempo como ele.
Pergunto-lhe qual é a sua pior qualidade. «Talvez FOMO
{fear of missing out, medo de perder um momento em
português}», diz, pensativo. «Já ouviu falar de GOMO? É
o contrário, gratidão de perder. Toda a gente estava a falar
disso... Olá, Mary! Esta é a minha amiga, Laura.»
Mary McCartney está ao nosso lado de pé, a usar um fato
Stella McCartney em tons de rosa-claro. Ela aponta para o
relógio de Blasberg, que está apertado na carteira de pele
dele. «Oh, meu Deus!», exclama Mary. «Podes explicar-me
o que é isto?» «É um relógio», diz Blasberg. «Antes dos
telemóveis, as pessoas usavam relógios para ver as horas.»«Já
viu alguém fazer isto antes?», pergunta-me Mary. «Talvez ele
não queira uma marca de relógio no pulso», sugiro. «Pões o
relógio na carteira na esperança de que, se não te esqueceres
de um, não te esqueces do outro», diz Blasberg. «Gosto do
teu look.» «Achas que os ténis ficam bem?», questiona Mary.
Ela repara no meu gravador. «Oh, desculpe. Não sabia que
estavam a ...» E despede-se.
«Então, agora estou a seguir a ascensão do GOMO»,
continua Blasberg, como se Mary McCartney nunca tivesse
acontecido (podemos imaginar que Madonna / a princesa
Diana / o Papa poderia aparecer e ele continuaria imper-
turbável). «Vou ficar esta noite em casa e pensar: Oh, estou
muito agradecido por ter ficado em casa.»
Blasberg não vai ficar em casa hoje à noite: ele é coanfitrião
da festa de lançamento do YouTube.com/Fashion com Katie
Grand, diretora da revista Love. Toda a gente estará lá, apesar
de ser uma noite de segunda-feira. Não consigo imaginar
Blasberg a ficar em casa, nunca. «Não quero desencorajar a
narrativa de que saio todos os dias e de que me divirto muito,
mas, na verdade, passo tantas noites em casa quanto as que
saio», diz. «Simplesmente não publico sobre isso. Ontem,
estava no meu hotel antes da meia-noite, a ver a série Orange
Is The New Black.» Derek acrescenta que está feliz por ficar
em casa com seu namorado de longa data, o investidor de
risco Nick Brown, no seu apartamento no Upper East Side,
em Nova Iorque. Naturalmente, eles fazem o Netflix & Chill
em almofadas da Ralph Lauren com monogramas.
bservando-o a falar com cinco pessoas ao mesmo
tempo no desfile da Burberry, e sendo interrom-
pido mais uma vez no The Connaught por outro
amigo, mal consigo imaginar quão cansativo deve
ser ser-se o Derek. Será que existe algum tipo de pressão para
estar conectado o tempo todo? «Não há pressão. Os amigos
são a parte boa da vida. Eles não são fardos. Os meus fardos
são os prazos, os horários matutinos dos desfiles...»
Blasberg deve ser bom a guardar segredos, sugiro. «Vai
contar-me um segredo?», grita ele. «Roubou alguma coisa?
Ou tem um romance? Eu sou mau a guardar segredos. É por
isso que tenho tantos amigos», diz, impassível. «Claro que
sou excecional a guardar segredos. E dou bons conselhos e
ouço as pessoas quando elas têm problemas.»
O facto de ser bom ouvinte pode ter-lhe rendido uma
vasta rede de amigos, mas certamente há um círculo interno
para o qual ele se volta quando quer que alguém o ouça, não?
«Não tenho um melhor amigo. Tenho uma lista longa. Acho
que pode ser foleiro quando a Naomi fala sobre a “família
escolhida”, mas eu tenho um grupo de “amigos escolhidos.”
“Quem é o teu melhor amigo?”, parece uma pergunta que
fazes quando és miúdo.»
O