Valor - Eu & Fim de Semana (2020-03-13)

(Antfer) #1

14 |Valor|Sexta-feira,13demarçode


ARTIGO


O que o


Brasil quer


da China


Umapolítica‘utilitaristae


tacanha’para como país


asiáticojamaisteria


assumido compromisso


dereforçara parceria


bilateral,comofoi feito


pormeiodadeclaração


conjuntafirmadapor


Bolsonaro e XiJinping.


PorAlbertoCoelho


Fonseca, para o Valor


E

m21defevereiroúltimo,a
políticaexternado
presidenteJairBolsonaroe
dochancelerErnestoAraújo
registroumaisumsucessoemnossas
relaçõescomosEstadosUnidos:a
reaberturadomercadodecarne
bovina“innatura”, decorrentede
trabalhoconjuntodaspastasda
AgriculturaedasRelaçõesExteriores.
O fato segue-seà assinatura
e entradaem vigordo Acordo
de SalvaguardasTecnológicas
(AST), da designaçãodo Brasil
comoaliadopreferencial
extra-Otane do apoioamericano
à acessãodo Brasil,em caráter
prioritário, à Organizaçãopara a
Cooperaçãoe o Desenvolvimento
Econômico(OCDE).
O que teriamessesfeitosa ver
com nossocurso de ação perante
a China,tão infundadamente
criticadoao longodo ano passado?
Em ensaiopublicadono dia 14 de
fevereiro noValorintitulado“O que
o BrasilQuerda China?”, PhilipYang
frisouque um dos pilares—quiçá o
principal —da ascensãoeconômica
chinesa nos últimos 40 anosfoi a
aproximação sino-americana
iniciada nos anos1970.
Oex-diplomatacontrapõe
corretamente,deumlado,abusca
chinesadeinserçãonascadeias
transnacionaisdeagregaçãodevalor
pormeiodeumarelaçãoespecial
comosEUA;e,deoutro,o
“au tonomismo”, o“pragmatismo
responsável”earejeiçãoauma
políticadealinhamentocom
qualqueratorhegemônico
praticadospeloBrasilem
décadaspassadas.
O resultadofoi o distanciamento
crescente entreBrasile Chinaem
termosde crescimentoeconômico,
evoluçãoda produtividade e da
agregação de valornos diversos
segmentos da economia.
Yangrechaçaoquechamade
“transformaçõesendogenamente
geradas”noBrasil,emcontraposição
aoentrelaçamentocrescente,ao
longodequasemeioséculo,entreas
economiaschinesaeamericana.
Háqueseconcordarinteiramente
comesseponto.
O autordemonstra ignorar,

contudo, que é justamenteuma
relaçãoespecialanáloga o que o
Brasilhoje buscaconsolidar com os
EUA,ainda que com quase50 anos
de atraso. Foi-se meioséculode
experimentosde políticaexternaque
poucorenderamao país em termos
de resultadosconcretosde
prosperidadee qualidadede vida
para o cidadãocomum.
O erro centraldo textodo
ex-diplomata, porém,encontra-seno
cursode ação alegadamente
prejudicialàs relaçõescom a China
seguidopelo governodo presidente
Bolsonaroe implementado pelo
chancelerErnestoAraújo.
Interpretaçõestão desprovidasde
fundamentodeveriamter ficado
para trás apóso êxitoda visitade
Estadodo presidenteBolsonaroà
Chinaem outubropassado.
Umapolíticasupostamente
“utilitaristaetacanha”paracoma
Chinajamaisteriaassumido
compromissoostensivodereforçara
parceriaestratégicabilateral,comofoi
feitopormeiodadeclaraçãoconjunta
firmadaemPequimpelospresidentes

JairBolsonaroeXiJinping.
O atualgoverno comprometeu-se
com a Chinaa buscardiversificação
da pautacomercial, possíveis
sinergias entrepolíticasde
desenvolvimentode ambosos países
e novasoportunidadespara
investimentosde lado a lado;
defende intercâmbio maisintensode
cientistas e realizaçãode pesquisase
projetosconjuntos em ciência,
tecnologia e inovação.
Pleiteia,porfim,conforme
explicitadonadeclaraçãoconjunta,
maiorcompreensãomútuapormeio
decooperaçãoampliadaemáreas
comoaculturaleaeducacional,
tópicoquecontradizdiretamentea
ilaçãodescabidaformuladaporYang
dequeapolíticabrasileiracorrente
paraaChinaseria“destituídade
valorescivilizatórios”.
Tendoemcontaessasériedefatos,
carecedefundamentoareferência,
adiantadapeloautordoensaio,a
umasuposta“correçãoderota”no
tratamentodasrelaçõescomaChina.
Foiogovernodopresidente
Bolsonaroqueorganizou,no
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