JornalValor--- Página 1 da edição"16/03/20201a CADB" ---- Impressa por RCalheiros às 15/03/2020@21:01: 50
Sábado,domingoesegunda-feira, 14,15e16demarçode 2020|B
Empresas
SaudiAramcolucra menos
AgigantedopetróleoSaudi
Aramcoanunciouontem,pelapri-
meiravez,seusresultadosanuais
—quedade20,6%dolucrolíquido
em2019,provocadapelaredução
dospreçosdopetróleo.Aempresa
registroulucrodeUS$88,2bi-
lhões,anteUS$111,1bilhõesem
2018,segundocomunicadopu-
blicadonositedaBolsasaudita.“A
quedasedeveprincipalmenteà
reduçãodospreçosdopetróleo
brutoedosvolumesdeprodução”,
afirmouaempresa,omaiorgrupo
comcotaçãoemBolsanomundo.
Remuneraçãoda Vale
AValepropôsaosacionistas,con-
formecomunicado,quearemu-
neraçãoaosadministradoresseja
deR$201,67milhõesem2020,au-
mentode75%frenteaovalordo
anoanterior.Omontanteinclui
pagamentosaoconselhodeadmi-
nistração,àdiretoriaestatutária,
aoconselhofiscaleaoscomitês.
Segundoaempresa,altarefletea
retomadadopagamentodere-
muneraçãovariávelaexecutivos,
suspensonoiníciode2019devido
àtragédiadeBrumadinho.Asas-
sembleiasparadeliberaçãoforam
marcadaspara30deabril.
Bill Gates deixa Microsoft
AMicrosoftanunciounasexta-fei-
raBillGates,cofundadordacom-
panhia,estádeixandooconselho
deadministraçãoparadedicar
maistempoaseusprojetosfilan-
trópicos.Gatespermaneceráco-
moassessordetecnologiadodire-
tor-presidente,SatyaNadella,ede
outrosexecutivos.Eledeixoude
atuarnodiaadiadaMicrosoftem
junhode2008,parasededicaraos
trabalhosdaFundaçãoBill&Me-
lindaGates.Elefoipresidentedo
conselhodaempresaatéfevereiro
de2014.Eledeixarátambémo
conselhodaBerkshireHathaway.
Exportaçãode sucata
Aexportaçãodesucatadeferroe
aço,matéria-primautilizadana
produçãodeaçoporusinasde
aço,superou88miltoneladas,
comreceitadeUS$22milhõesem
fevereiro.Oaumentofoisuperior
a200%nacomparaçãoaomesmo
mêsde2019,informouoInstituto
NacionaldasEmpresasdeSucata
deFerroeAço(Inesfa),citandoda-
dosdaSecretariadeComércioEx-
terior(Secex).Segundoaentida-
de,issoéfrutodamenordemanda
mercadointernodoBrasil.Omer-
cadoexterno,emespecialaÁsia,é
consideradoalternativaaosetor.
Índice
CarreiraB
InfraestruturaB
In dústriaB
Movimento falimentarB
Serviços&TecnologiaB5, B6 e B
AgendatributáriaB
CommoditiesB
AgronegóciosB
Destaques
BRKAmbiental vive
conflitos de revisãode
tarifas ao menoscom
três prefeituras, diz
Teresa Vernaglia B
AutopeçasReduçãotributárialeva
46empresasaaderiraoRota
Dólar elevado
e incentivos
animam setor
MarliOlmos
De São Paulo
A alta do dólar poderá benefi-
ciar a indústria de autopeças no
Brasil. Oaumento dos custos para
trazer componentes do exterior
tendealevar as montadoras aele-
var o conteúdolocal dos veículos.
Mas, paraopresidente do Sindipe-
ças, que representaos fabricantes
de peças, Dan Ioschpe, esse estí-
mulonão bastase a indústria local
não estiver pronta paraacompa-
nharaevolução dos automóveis e
produzir aqui itens que hoje a in-
dústria automobilística compra
no exterior por não encontrarsi-
milarnomercadonacional.
O ambiente desfavorável àim-
portação surge num momento
em que esse setorjá começou a se
preparar, aproveitandoincenti-
vos fiscais oferecidosnoprogra-
ma automotivo lançado pelo go-
verno federal no fim de 2018. O
chamado Rota 2030prevê redu-
çãonovalordoImpostodeRenda
e da Contribuição Social sobre
LucroLíquidoparafabricantesde
veículos e de autopeças que in-
vestiremem pesquisaedesenvol-
vimento. O benefíciopode ser
adicionadoàLeidoBem.
Um totalde 46 empresas de au-
topeças inscreveram-seno pro-
grama desde que foi lançado, se-
gundo dadosdo Ministério da
Economia. Na lista,há multina-
cionais, comoDana, Delphi, Va-
leo, Eatoneagigantebrasileira
WEG.Mas há também fabricantes
de itens menossofisticados, mas
que precisam evoluiràmedida
que a tecnologia veicular avança.
A alemãRobertBosch, maior
fabricante de peças do mundo, é
umadas que maisinveste em
itensdaparteeletrônicadoveícu-
lo,tanto sistemas voltados às no-
vas energias, comoeletrificação,
como“infotainment”, queagrega
dispositivos de informação ede
entretenimento. Em alguns ca-
sos, equipamentos de conectivi-
dadeaindasãoimportados.
O presidentedo Sindipeçasnão
costumafalarsobreaempresaque
asua família fundou,hámais 100
anos. Mas numaentrevista recen-
te, Marcos de Oliveira, presidente
da companhia, a Iochpe-Maxion,
relatou diversos projetos de inova-
ções que estãoem fase de desen-
volvimento, envolvendo incenti-
vos do Rota 2030. Comcentros de
pesquisano Brasileno exterior,a
Iochpetem feito testescom novos
materiais,comofibradecarbonoe
plástico, para reduzir o peso das
rodas que produz. Rodas maisle-
ves serão vitais para obom desem-
penhodoscarroselétricos.
Hoje, em tornode 70% da recei-
tadasautopeçaséobtidacomven-
das para montadoras. Dessetotal,
66% representam itensque vão di-
reto paraas linhas de montagem
deveículose4%sãoafatiaintrasse-
torial —vendaentre fornecedores,
que,de toda forma, seguepara
montadoras. Porlei, veículos pro-
duzidosnoBrasil precisam ter mí-
nimode 60% de conteúdo nacio-
nal. Os maispopulares alcançam
percentuais maiores, em torno
80% eaté 90%. Mas os que carre-
gammaisitens eletrônicos têm
maiorfatiadeitensimportados.
O projeto do Rota 2030 demo-
rou mesespara ser transformado
em lei porque sofreuforte resis-
tência de partedo governo. O
programa era defendidopelo ex-
tinto Ministério do Desenvolvi-
mento, Indústria e Comércio en-
quanto a equipe da Fazenda era
contra a ideia de conceder mais
incentivos à indústria automobi-
lística.Nogovernode Jair Bolso-
naro, que assumiu logo depois
queseuantecessor,MichelTemer,
assinouo decretodo Rota2030,
as duaspastas foram unidas no
atualMinistériodaEconomia.
Cálculos do governo indicavam
arenúnciafiscaldeR$3,75bilhões
nos dois primeiros anos do pro-
grama(doiníciode2019aofimde
2020)diante perspectiva de,no
mesmoperíodo,montadoras eau-
topeçasinvestiremR$5bilhõesem
pesquisaedesenvolvimento.
OpresidentedoSindipeçasdiz
que se tratade “um incentivoin-
teligente alinhado com oque há
no restodo mundo”. “É um me-
canismonão conjuntural, com
valores pequenos que dão um re-
tornorápido”, completa.
Para Ioschpe, com essebenefí-
cio,aindústriapodeparticipardos
projetos desdeo início. “E não
maiscorrer atrás para adaptar pa-
ra o Brasil o projeto de um carro
desenvolvido na Coreia. Quando
issoacontecejáestãolançandoum
novo modelo. Os produtostem vi-
da útil cadavez menor e se não in-
vestirmosaqui a pesquisavai para
outraspartesdomundo”, destaca.
Segundo o dirigente, não é ne-
cessário desenvolver o veículo
completo no Brasil. “Podemos tra-
balhar no desenvolvimento de al-
guns conjuntos”, diz. Ele lembra
que esse tipo de projeto tem “ilhas
de excelência” no mundo. “O pro-
blemaé não estarmos em nenhu-
ma delas”, completa.Para ele, o
Brasiltemquebuscaravocação.“O
usodoetanoléumadelas”.
O investimento em pesquisa
não consegue, porém,sozinho, diz
Ioschpe, garantircompetitividade
se opaís não avançar em questões
como reforma tributária e melho-
ria da infraestrutura. E isso vale
tambémem relação ao câmbio.
“Podemos ter umaerosãoda be-
nesse da variação cambial pela es-
truturade custos”, destaca. Para
ele,édi fícil preverquando haverá
equilíbrio. “A desvalorização da
moeda localdeveriaincentivar a
nacionalização,mas isso envolve
umasériedeoutrosfatores”.
Segundo Ioschpe, o cenário de
hoje émuito melhor do que há
quatro anos. A média de ocupação
das fábricas do setor que emprega
248 mil pessoas ficouem70% no
segundosemestre de 2019 ante os
45% no pico da crise, em 2016. An-
tes da novacrise,provocadapelo
coronavírus,essa indústria tinha a
perspectiva de ter oquarto ano
consecutivo de recuperação.“Ose-
torestá maisem buscade melho-
rias de inovação e menoslamben-
dosuasferidas”, dizodirigente.
A projeçãomais recentedo Sin-
dipeças indica aumentode 3,1%
no faturamentode 2020(R$ 148,
bilhões) e de 4% no investimento
(R$ 2,1 bilhões). Na entrevista ao
Valor, há pouco maisde umase-
mana,Ioschpe disse que agrande
questão era sabero tamanho do
impacto da crise na demanda. “Se
houver paralisia em regiões como
aEuropa certamente teremos re-
flexosemtodaaeconomia”.
DanIoschpe,presidentedo Sindipeças:“O setor está maisem buscade inovação e menoslambendo suasferidas”
SÍLVIAZAMBONI/VALOR
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