Haibun( 6 )Estou na matinha da fonte, esta
vertente forte, resistente às secas. Nunca se
enfraquece e abastece, sozinha, um açude
naturalimenso,alémdesuportartodaaregados
pomares,hortas ejardins, eaprópria casa de
meus tios. Tudo isto, com sua rede de água
encanada,ficanapartealtadapropriedade.Para
lá,esta águapurae fresca,que agora bebo, é
tocada por um carneiro, cujo barulhinho
compassadoémúsicaparameusouvidos,eseus
respingos, alegres bálsamos para minha
existência. Olho toda a vegetação alta que
compõeumtetoaessacenatãoidílica:árvores
frondosascomgrossostroncos,moitasemoitas
deTaquaruçus,muitoscipósque se espicham,
subindoedescendoporentreessasmajestades
verdes, trançando caminhos e sonhos. Há
pequenas frestas, por onde réstias de sol
espraiam fractais. Desço meus olhos também
para os tapetes de beijos silvestres e outras
plantasbaixas,igualmentesemeadasporDeus.E
pensoqueocéudeveserassim.
naáguadenascente
guarda-chuvaspeneirados–
moitinhasdeavencasGisela Maria Bester
============================Haibun( 7 )
Ovasorecobertodepalhinhasque
ocupalugardedestaquenavarandafoificando
peladodeum jeitotãorepentinoeassustador
quelogoreclameidascoisasdeagoraquenada
duram.Depois noteique entre asporções de
palhascaídasjuntavam-se folhase cocozinhos.
Nãodemoroumuitoparasacarqueobem-te-vi
apalhasaqueava.
Quandoacriançasoubedadescoberta,foilogo
se alegrando: "Que maravilha! Assim a gente
ajudaospássarosaviverem."
Entãopenseiquesejájogamosalgunsalimentos
no telhado, disponibilizamos água e agora
fornecemospalhinhas, da vidadessespássaros
não estaríamos tirando o sentido? Mas logo
pensonomundo,abasteçodepalhasovasoe
algumaestranhezamecalaopensamento.manhãsdeinverno
dovasodavaranda
umnovoninho
LígiaFogagnollo
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