No filme Jesus de Nazaré do diretor
Franco Zeffirelli, o protagonista carrega os
olhosazuisdoatorRobertPowellaolongoda
trama conhecida. Convenhamos: Jesus é uma
pessoa que não precisa ser maquiado. O
fascinante no homem de Nazaré não é capa,
mas o poder decomunicação em massa com
reflexões perenesdadifusão dosconceitos de
igualdade,partilha,amoremisericórdia,caroshá
2000 anos e ainda hoje. Não estou nem
entrando na questão religiosa, mas na
representaçãoemsi.
Masobelo,ébelo,aomesmotempoque
pode (e deve) se questionar o que é o belo,
desdeoberço.
Quem já visitou berçário de
maternidade?Quenenê bonitinho,éacarada
mãe, o nariz do pai, a covinha damadrinha.
Difícil alguém encostar o nariz no vidro e
exclamar “nossa, que bebê feio!” Talvez as
pessoaspensem,masnãoexternam.Raro,mas
jáaconteceu.Soutestemunha.
Na pequena sala de espectadores do
aquário de berços, uma distinta senhora,
estereótipo de “tia da avó da recém-nascida”,
ousouseexpressarentreospresentes.Resolvera,
porvontadeprópria,proferiroque achavade
umarecém-nascida.Semfiltroalgumdelucidez,
soltouavozcomleviandade:“atéqueabebêé
bonitinha; basta fazer uma plástica no nariz
quando crescer”. Uau! Silêncio total
constrangedor. O pai estava ao lado. Olhava
comalegriapara afilha.Escutoutudo.Como
iriareagir?Ohomemapenassorriu.Aindamais.
O progenitor nãoficouumafera.Ufa!Paraa
surpresa (ealegria) detodos.A felicidade era
estupendaetudosetornabelonacircunstância
paterna.O momentoépleno defelicidade.O
instante é belo. A senhora desprovida de
habilidadenousodaspalavrasfoioespelhoda
feraem crueldade.Muito mal-educada, diga-se
de passagem, como diria o meu pai em
assumidoclichê.