Valor Econômico (2020-03-18)

(Antfer) #1

JornalValor--- Página 1 da edição"18/03/20201a CADC" ---- Impressa por GAvenia às 17/03/2020@20:18:13


Finanças


Quarta-feira, 18 de marçode 2020|C1


Recompra de debênture
ACVMlançounovaregraqueper-
mitearecompradedebêntures
acimadovalornominaldostítu-
losporempresasemissoras.Ame-
didafazpartedoesforçodoregu-
ladorparadesenvolveromercado
dedívidacorporativa.Ainstrução
620entraemvigoremjaneirode
2021.Aaudiênciapúblicafoi
abertaemsetembrodoanopassa-
do.Arecompradedebêntures
passouaserprevistanaleidasSAa
partirde2011,quandofoirefor-
mada.Elaestabeleceu,noentanto,
queofertasacimadovalornomi-
naldopapeldeveriamseguirre-
grasestabelecidaspeloregulador.
(Juliana Schincariol)

Índice


BolsasnacionaisC4
Indicadores financeirosC5
Fundosde açõesC5
FundosmultimercadosC6
Fundosde previdênciaC7
Fundosde renda fixaC7

Destaques


Turquia reduz juros
O BancoCentral da Turquia anun-
ciou um corteemergencial de juros
de 100 pontos-base para 9,75%, de
10,75%. A autoridade monetáriado
país antecipou a decisão anterior-
mente programada para a reunião
ordinária na quinta-feira. O BC tur-
co anunciou também medidas para
garantir a liquidez nos mercados,
entre elas leilões de recomprade
ativos com vencimentosde 91 dias,
quando necessário. Tambémpro-
meteumaiorflexibilização para os
bancos administrarem liras turcas e
moedas estrangeiras.

Vendasa descoberto
Oreguladordosmercadosfinancei-
rosdaEspanhabaniuaaberturaou
oaumentodeposiçõesdeshortsel-
ling(vendasadesoberto)nasações
pelomenosduranteummês,devi-
doàvolatilidadedomercado.Ade-
cisãofoianunciadaapósquedas
acentuadasparaosíndicesacioná-
rioseuropeusnosúltimosdias,in-
cluindooespanholIBEX-35,emum
momentoemqueoscasosdecoro-
navírusaumentamnaEspanha.A
medidaentraemvigornestaterçae
vaiduraraté17deabril,maspode
serprolongadaporumperíodode
nãomaisdoquetrêsmeses.
(DowJonesNewswires)

Mudançasno Banrisul
OBanrisulcomunicouarenúncia
domembrodoconselhodeadmi-
nistraçãoAdemarSchardong,por
motivosdeordempessoal.Nase-
gunda,oBanrisulanunciouquevai
atenderospedidosdeprorrogação
nospróximos60diasdosvenci-
mentosdedívidasdeclientespes-
soasfísicasedemicroepequenas
empresasparaoscontratosvigentes
adimplenteselimitadosaosvalores
jáutilizados.Opagamentopoderá
serfeitoematéquatrovezes,com60
diasdecarência,totalizandoprazo
de180dias.(Álvaro Campos)

1.525

1.534

1.543

1.552

1.561

1.570

Fonte:ValorPRO.Elaboração:ValorData

Índicede RendaFixaValor
Base= 100em 31/dez/99

17/Mar
2020

3/Mar
2020
Variações
No dia
No mês
No ano

0,63%
0,15%
1,81%

1.563,54

IMPACTOSDO


CORONAVÍRUS


Fed vai comprar ‘commercial


paper’para evitarturbulência


BrendanGreeley, Joe Rennisone
Colby Smith
FinancialTimes,de Washington,
Londres e Nova York

O Federal Reserve(Fed, banco
central dos EUA) lançou uma
corda de salvamento direta para
a América corporativaontemao
anunciar que começaráacom-
prar “commercial papers” —tí-
tulos de curto prazoemitidos
por empresas semgarantia—
por meiode uma linha de crédi-
to invocada pela últimavez du-
rante a crise financeira de 2008.
Omercado de commercial pa-
pers, que movimentaUS$ 1,1 tri-
lhão, é umafonte crucial de re-
cursosparaempresasinteressa-
das em levantardinheiropara
necessidadesde curtoprazo, e o
FederalReservedisseque está
entrando nessemercado para
garantirque elasnão enfren-
tem apertos financeiros.
“O mercadode commercial
papers vinhapassando por uma
pressão considerável nos últi-
mosdias,umavez que empre-
sas e famíliassedepararam
comumamaiorincertezapor
causada epidemiade coronaví-
rus”,disse o conselhodoFed
ontemem um comunicado.
Analistasdo Bankof America
chegarama dizerna semanapas-
sada que omercadoestava “con-
gelado”,umavezqueumaumen-

tonademandapordinheirocoli-
diu comum recuodo mercado
por partedos fundos mútuos
abertos, um dos maiorescom-
pradoresdecommercialpapers.
Os custos dos empréstimos
dispararamna últimasemana.A
diferençaentrea taxado com-
mercial paperde três mesesde
emissores não financeiros de
classificação mais elevada e o
swapindexado“overnight”do
governo(OIS,nasiglaeminglês),
umareferência de mercado,au-
mentoude apenas0,24%no co-
meçodomêspara1,24%.
Como agravamentoda pan-
demia, empresasque enfrentam
incertezas sem precedentesvêm
tentando conseguir dinheiro
ondepodem,incluindoomer-
cadode commercial papers,mas
também utilizando linhas de
créditofirmadascom bancos.
O Feddisse que ao entrarno
mercado comocomprador de
commercial papers ele espera
encorajaroutrosaretornaremao
mercado. “Ao eliminargrande
parte do riscode que emissores
qualificados não conseguirão
pagar os investidores,rolando
suasobrigaçõesvincendas com
comercialpapers, esse instru-
mentodeverá encorajaros inves-
tidoresaatuarnovamente nos
empréstimosa prazono merca-
dodecommercialpapers.”
“A linha de commercialpapers

é um mecanismo de suporte ne-
cessárioparaum mercadoque
simplesmente não estava lucran-
do”,disseGuyLebas,principales-
trategistade rendafixa da gesto-
raJanneyMontgomeryScott.“No
fim dascontas, ocapital do setor
públiconuncapodesuplantaro
capitaldo setorprivado, mas po-
deresolverfalhasnomercado.”
OFed vaiestruturara linha co-
mo um veículode propósito espe-
cífico. O Fed de NovaYork empres-
tará para esse veículoeele vai ad-
quirircommercialpapersdenomi-
nados em dólares comprazode
três meses e classificação elevada,
atravésdos “dealers primários” do
Fed. Em troca,oD epartamentodo
Tesouro dos EUA fornecerá ao Fed
deNovaYorkumaproteçãodecré-
dito de US$ 10 bilhões, a título de
segurocontraperdas.
A últimalinhade commercial
paper da crisefinanceirafoi fe-
chadaem 2010.O Fedestabele-
ceu a novalinhasob a cláusula
13 (3) do FederalReserveAct, o
que significaque ele está agindo
com a aprovação de Steven
Mnuchin,o secretáriodo Tesou-
ro dos EstadosUnidos.
“A rupturaeconômica easin-
certezas criadas pelo novocoro-
navíruslançaramdesafiospara o
mercadode commercial papers,
restringindooacessoao crédito
de curtoprazopara as empresas
americanas”, disseMnuchinon-

tem em comunicado. “Ao forne-
cercréditodecurtoprazo,alinha
ajudará as empresasamericanas
a administraremsuasfinanças
nesseperíododifícil.”
Alguns estrategistas dizem
não acreditarque a novalinha
de créditoserá suficiente.
“Essanova linhapode criar
umabarreiraaos financiamen-
tos, em vez de proporcionaràs
corporaçõesumaoportunidade
de financiamento bembarata”,
afirmou Thomas Simons, um
economistada Jefferies.

As pressõespor financiamen-
to de curtoprazotêm sido evi-
dentesem váriaspartesdos mer-
cados financeiros nos últimos
dias e alcançaramníveis“extre-
mos”nestaterça-feira,segundo
Krishna Guha, vice-presidente
da EvercoreISI. A diferença entre
ataxa da Liborem dólar,com
que os bancostomamempresta-
do uns dos outros,eat axa OIS,
umamedidado nívelfuturoda
taxados fed funds, subiuum
ponto, paraomaior pata-
mar desde2009.

Baixo impacto do corte de juros


CHRI

S RA

TC

LIFFE/BL

OOMBERG

A única autoridade do Federal Reserve
a se opor à ação radicaldo banco
central no domingo para ajudar a
economiaafirmouontemque preferia
umaabordagem maisgradualpor
parte da instituição.“Quandoos
mercadosnão estão funcionando
bem,o mecanismode transmissãoda

política monetária à economiaé
interrompido,e qualquerreduçãona
taxa referencialtem menosimpacto
na economia real”, disseLoretta
Mester, do Fed de Cleveland.No
domingo,ela votou contra a decisão
do Fed de reduzir sua meta de curto
prazo para níveis próximos a zero.

PolíticamonetáriaApertodascondiçõesfinanceirasémaisumfatorderisconoradar


BC enfrenta difícil decisão de juros


Lucas Hirata, Victor Rezende e
AdrianaCotias
De São Paulo

O Comitê de PolíticaMonetá-
ria (Copom)do BancoCentral
tem em mãos umadas decisões
dejurosmaisdifíceisdosúltimos
tempos.A rápida deterioração
dascondiçõesfinanceirasdopaís
já acirra odebateentreanalistas
sobreas repercussões de um cor-
te maisagressivo da Selicneste
momento—algo que não deve
passardespercebidopela autar-
quianummomentodegravetur-
bulêncianosmercadosglobais.
Grande parte dos agentes de-
fendequeoCopomnãoeconomi-
ze muniçãoederrube aSelic com
forçahoje —ematé 1 ponto per-
centual, de 4,25% para 3,25% —
para enfrentar os riscos econômi-
cos decorrentesda proliferação
docoronavírus.Emquedalivre,as
projeções para ocrescimento no
Brasilem2020estãoabaixode1%
paraalgumas instituições,oque
justificaria açõesadicionais do
BC. No entanto,háquem veja essa
açãocombastanteressalva,jáque
poderia resultar em maisinstabi-
lidade para os ativosfinanceiros,
com sequelas até para aprópria
atividadeeconômica.
Omomentodeincertezanaeco-
nomiamostrou reflexos no índice
de condiçõesfinanceiras(FCI) do
Goldman Sachsque, no fim da se-
mana passada, atingiu 96,91
pontos,no maiorníveldesde 22
de julhode 2019,quandoestava
em 96,93pontos.Alta no índice
indicaapertonas condições,o
que aumentadúvidassobreos
próximospassosdoCopom.
Mais conservadorque boa parte
dos analistas, oeconomista-chefe
da JGP, Fernando Rocha, defende
que oCopomdecidapor um corte
pequeno de juros ou até mante-
nha a Selic no patamaratual. Em-
borareconheçaqueévotovencido
hoje, ele alerta que, dado o mo-

mentode grandesincertezas nos
mercados globais, umaredução
maisprofundadataxabásicapode
aumentaroprêmioderisconosju-
ros de longo prazo e pressionar
aindamaisocâmbio.
“Isso ébom paraaatividade?
Não é. A curva de juros inclinada
tem um efeitonegativo para a ati-
vidade, porque as taxasdos em-

préstimossãoformadaspelosju-
ros futuros, não pela Selic”, diz o
economista. Além disso, um corte
agressivo da Selic pode forçar o BC
avendermaisreservasparaameni-
zarapressãonocâmbio.“Eutenho
impressão que o riscode gerar
uma instabilidade financeira é
maiornessemomento que oga-
nhopotencialparaaatividade.”

Sinalde alerta paraparte do
mercado,adiferençaentreastaxas
dos contratos de Depósito Interfi-
nanceiro (DI) parajaneiro de 2021
ede2029 —achamada inclinação
dacurvaatermo—subiupara4,22
pontos recentemente. O spread
entre as duastaxas ébem mais ele-
vadoque em 5demarço (3,065
pontos), quando aturbulência se
agravounomercadodejuros.
Para SérgioMachado, sócio-ges-
tor da SF2 Investimentos, uma bai-
xa adicional da Selic pode trazer
consequências nefastas para o
mercadodecapitaisenãovaiteros
efeitosesperadosparaaeconomia.
“O sistema estámeio lotado de LFT
[Letras Financeirasdo Tesouro,
atreladas à Selic] enão há apetite
para carregar papéis pós-fixados.
Issovai começar agerarpressão
vendedora nas posições dos fun-
dos edas tesourarias, e omercado
vai se retroalimentando”, afirma.
“Comotamanho da dívida [públi-
ca] atrelada à LFT,omercadopode
encilharedaíficartravado.”
O especialistadiz que isso traz
preocupações para omercadode
crédito privado, comodebêntures
ou letras financeiras, que já passa-
ram por um evento de estresse no
fim de 2019, com os ativos sendo
reprecificados à medida que ocor-
te de jurosevoluiu. “Se o gestor
tem um título que éopontozero
da curvaderisco eretorno ecome-
çaaficardesconfortável,acurvade
juros toda descola. Isso pode gerar
umruídoestrutural”,afirma.
Aleitura de grande partedo
mercado, entretanto,éa de queo
afrouxamentoagressivo da políti-
ca monetária é necessário para en-
frentar orisco de recessão.Diver-
sas casastêm feito revisões extre-
mas em seus cenários parao PIB
brasileiro nesteano. Entreos casos
maisrecentes,estão oCredit Suis-
se, que revisou sua projeção de
crescimento de 1,4% para zero, eo
MorganStanley,quecortousuaes-
timativade1,6%para0,3%.
Para ogestor de renda fixa na
Gauss Capital, CarlosMenezes, um
cortemaisfirmenaSelichojesefaz
ainda maisnecessário em um ce-
nárioderestriçãofiscal.Oambien-

te de apertodas condições finan-
ceiras, porém,tende a perder força
nomédioprazo.“Acreditamosque
a retomada da economiaserá um
poucomaislentado que o espera-
do pelo mercado eentendemos
que a curva tende a ser atrativa no
médio,longoprazo”, dizMenezes.
Comumaretomadalentada
economiaem mãos, aGauss pas-
souaesperar um corte de 1ponto
percentual na Selic hoje, comum
anúncio concomitante de um pro-
grama de vendade reservas para
acalmarocâmbio.“Entendemos
que um corte adicional forte terá
efeito no sentimento no curto pra-
zo eserá uma formade oBCincen-
tivaromercado edar algumtipo
de liquidez extra. Isso,contudo, te-
rá de ser revertido talvez no início
do ano que vem e essa inclinação
alta da curva de juros mostraque a
Selicnãodemorariamuitoparaser
elevada”,dizogestordaGauss.
OchefedepesquisaparaAméri-
ca Latina do Goldman Sachs, Al-
bertoRamos, afirma queapiora
recente nas condições financeiras
nãofoiumfenômenoexclusivodo
Brasil, mas ressalta que,“se oBC
não fizer nada, está validando um
apertopossivelmentemaior”.
Para ele, um cortemaisincisi-
vonataxabásicadejurosnãone-
cessariamentefariaainclinação
da curvade jurosaumentarain-
da mais.“Você podedeslocarto-
daacurvaparabaixo,adepender
do que for comunicado.Além
disso, se o BC está diminuindoo
custoparaasempresas,oriscode
insolvênciadiminui,oque tam-
bémaliviao apertonas condi-
çõesfinanceiras”,afirma.
Ramostrabalhacomcenário
decortede0,25pontopercentual
da Selic, mas admite que a proba-
bilidade de umaaçãomaior, de
0,50 ponto, aumentou. No caso
de um corte de juros ainda mais
potente,avalia que oBCdeveria
anunciar um programa de venda
de reservasde pelo menosUS$ 50
bilhões. “Acumulamos reservas
parausaremmomentoscomoes-
te. Nãoconsigo imaginar uma
ocasiãoemqueasreservasseriam
aindamaisnecessárias”,afirma.

Rocha,da JGP:corteagressivo da Selicpodeter efeito colateral no mercado

LEO PINHEIRO/VALOR

Fonte:GoldmanSachs.OBS:ÍndicedeCondiçõesFinanceiras(FCI)doBrasil.*empontos

Ambientemaisduro
Índicedo GoldmanSachsmostraapertodas condiçõesfinanceiras*

95,0

95,4

95,8

96,2

96,6

97,0

22/jul
2019

11/nov
2019

12/mar
2020

96,93

95,82

96,91

Equitas,de Luis Felipe


Amaral, aproveita queda


da bolsa e reabre


fundo de ações


para captaçãoC8


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