ElviraVirgíniaéumlivro-corpodemulherqueabrigadentrodesiumaduplanatureza
encantadora,misteriosa esábia, ondeseencontram, emharmônica convivência,as
duas versões femininasda jovem e da anciã numa única personalidade. Clarissa P.
Estés, psicóloga junguiana, aborda em sua escrita o arquétipo da avó dentro dos
contos,mitosehistóriasancestrais,enolivroAcirandadasmulheressábias,aautora,
deformaaprofundada,nosmostraqueoarquétipodelaquesabeestápresentenavida
detodaecadamulhereexpõesobreo(s)porquê(s)desertãoimportanteativaressa
relaçãodamulhersábiacomajovem:
Porqueosatributosdamulhersábiasão,alémdisso,tãoimportantesparaasjovens?
Eporqueasabedoriaeaenergiadasjovenssãotãoimportantesparaasmaisvelhas?
Juntas, elas simbolizam dois aspectos essenciais encontrados na psique de cada
mulher. Pois a alma de uma mulher é mais velha que o tempo, e seu espírito é
eternamentejovem...sendoquea uniãodesses doiscompõeo“serjovemenquanto
velhaevelhaenquantojovem”.
Nos contose mitos, apresença da sábia anciãsurge sempre queuma situação de
perigo,deinsegurança,deconflitoperanteavidaédetectada.LendoElviraVirgínia,
na perspectiva apontada por Clarissa, essa situação de dificuldade é revelada no
primeiro poema do livro –o muro, pois avoz lírica seencontradesorientada pelo
contextodedor,medo,insegurança,desequilíbrioemocional.Ela,ajovemmulher,tem
espírito e alma atordoados, portanto grita, urra, pede socorro a la que sabe para
libertar-sedaprisãoqueasufoca:
o muro (p.15)
estar no escuro
cega
em cima do muro fio-de-navalha
que retalha
a alma
a dor que entalha
dúvida megera
que emperra
estanca a vida
sangra a ferida
atrapalha
no muro
grito
urro
fico
a esperar o desequilíbrio
que me libertará
desta prisão em linha reta.