O Estado de São Paulo (2020-03-22)

(Antfer) #1

%HermesFileInfo:B-3:20200322:
O ESTADO DE S. PAULO DOMINGO, 22 DE MARÇO DE 2020 Economia B3


JOSÉ ROBERTO


MENDONÇA DE BARROS


E


m 42 anos de MB Associados,
nunca vi uma semana assim,
com tantas mudanças pro-
fundas no cenário. É preciso ter hu-
mildade, porque não sabemos bem
o que se passa. Mas é um ponto de
inflexão para pessoas, empresas e
países.
A combinação de um novo vírus e
de conflitos geopolíticos (como a
guerra comercial entre as duas gran-
des potências e a atual o petróleo)
produziu uma parada súbita na Chi-
na, depois na Europa, nos EUA e,
agora, no Brasil.
Essas paradas súbitas são um ter-
ror, inclusive para economistas,
pois produzem rupturas na oferta e
nos fluxos financeiros, tanto maio-
res quanto maiores forem a alavan-
cagem e o endividamento dos agen-
tes, como nas empresas americanas
de hoje, e quanto menores forem a

saúde financeira e a renda de pessoas e
pequenos negócios, como é o caso do
Brasil.
O caso americano é o que melhor
ilustra o que é essa parada, porque até
muito recentemente sua economia vi-
nha muito bem. Entretanto, a dívida
corporativa nunca foi tão elevada, 47%
do PIB, resultado de mais de uma déca-
da de crescimento e de juros muito bai-
xos. Com a chegada do vírus, o merca-
do de crédito travou, apesar dos inten-
sos esforços do FED, os “spreads” ex-
plodiram.
Muitas empresas mais frágeis finan-
ceiramente já estão tendo suas notas
rebaixadas e poderão quebrar, pois a
iliquidez rapidamente se transforma
em insolvência.
Em outros casos, os efeitos ruins vie-
ram da crise em grandes áreas de servi-
ços, como turismo, hospitalidade, cru-
zeiros, artigos de luxo e outros. Ca-

deias longas estão sendo afetadas. O
caso mais visível é o da Boeing, que já
vinha sofrendo com a parada na produ-
ção do 737 MAX e que solicitou US$ 60
bilhões como assistência do governo
para lidar com a crise. Mesmo que tu-
do dê certo, a dívida corporativa subirá
para US$ 100 bilhões, num momento
no qual poucas companhias compra-
rão aviões novos.
Além disso, a política no mundo in-
teiro passou a ser a do isolamento so-
cial. Nestas circunstâncias, a frenética
baixa de juros tem efeito negligível.

Em uma situação dessas, a urgência
exige ações rápidas, mas a política mo-
netária fica menos eficiente e a política
fiscal passa a exigir ferramentas, nem
sempre disponíveis, como gastos foca-
dos ou suporte à liquidez em determi-
nadas áreas.
Essa parada súbita já garante que
2020 será um ano de recessão global
(definida como crescimento inferior a
1%), apesar dos grandes esforços das
autoridades, sanitárias e econômicas,
para deter a pandemia e impulsionar a

economia.
Embora as projeções feitas hoje te-
nham uma acurácia limitada, os novos
números de um banco internacional
de primeira linha são impactantes.
No início do ano, projetava-se um
crescimento do PIB global de 3,2% e
agora, apenas 0,9%. Nos EUA, a proje-
ção de 1,8% foi substituída por uma de
0,6%. Na China, o crescimento foi de
4%, em vez dos antigos 6%. Finalmen-
te, na área do Euro, projeta-se agora
um tombo de 5%, em vez de um cresci-
mento de 0,9%.
No Brasil, a equipe econômica foi cla-
ramente pega no contrapé e tardou a
responder. Entretanto, o ponto positi-
vo foi entender que se trata de uma
situação de emergência, que precisa
ser enfrentada, antes de tudo, com
mais gastos na saúde e na assistência
aos segmentos mais frágeis da popula-
ção, que inclui os trabalhadores infor-
mais, além da população em situação
de pobreza.
Do lado das empresas, os pequenos
negócios serão os mais afetados, até
como consequência da política de iso-
lamento social e terão de ter alguma
atenção. Mas também serão necessá-
rias políticas que preservem as empre-
sas e a produção.
Infelizmente, por mais que essas me-

didas sejam bem sucedidas, uma re-
cessão é inevitável: esperamos uma
queda do PIB nos dois primeiros tri-
mestres, com alguma recuperação
mais próxima do final do ano. No
melhor cenário, o crescimento do
PIB ficará próximo de zero. É um
duro revés para um país que luta há
anos para voltar a crescer.
O programa de reformas deverá
parar, mesmo porque, até recente-
mente, o Planalto continuava a anta-
gonizar o Congresso. O ajuste fiscal
e o investimento em infraestrutura
deverão ficar para o próximo ano.
Apenas medidas infraconstitucio-
nais (ligadas a saneamento, energia
e PPPs) poderão ser aprovadas.
Finalmente, se ao cabo de dois
anos, o crescimento médio for de
apenas 0,5% ao ano, dá para pensar
em reeleição? Tudo indica que não,
até porque muita gente está cansa-
da da irrelevante pauta ideológica
que prende a atenção de boa parte
do Executivo.

]
ECONOMISTA E SÓCIO DA MB ASSOCIA-
DOS. ESCREVE QUINZENALMENTE

E-MAIL: [email protected]

http://www.embraesp.com.br

Solicite orçamento também para avaliações patrimoniais e ativos industriais.

AVALIAÇÕES


Valores de mercado (venda ou locação) de imóveis urbanos e rurais de todo o País.
Credibilidade e experiência conquistadas por mais de 40 anos de independência, sigilo e isenção

[email protected]

Essa parada súbita já
garante que 2020 será um
ano de recessão global

PANDEMIA DO CORONAVÍRUS


Por força dos procedimentos de combate ao coronavírus, todos os leilões a partir de 20/03/2020 acontecerão apenas na modalidade online.
Rua Armando Lambertini, nº 2-80, 2-90 e 2-94, (lt. 08 da qd. 07) - Distrito Industrial II - Bauru/SP. Área do terreno 7.000,00 m² e área construída estimada de 3.030,00 m² (consta no IPTU 1.981,16 m²). Matrícula 45.498, 02º RI local. Inscrição
Municipal 3.1532.008. DESOCUPADO. Visitas agendadas previamente com a Sra. Deise Camargo nos telefones 14 3203-4550 / 14 99771-0287 e/ou pelo email [email protected]. O imóvel em questão se encontra avaliado em
R$ 3.918.000,00. Lance inicial: R$ 2.000.000,00. Pagamento: valor total do arremate mais comissão de 5% deste valor a ser pago pelo arrematante ao Leiloeiro. Efetuar o cadastramento prévio e anuir às regras de participação do leilão
dispostas no site do Leiloeiro e enviar a documentação. Dados e condições sujeitos a alterações até a data do leilão, cabendo ao interessado acompanhar e se certificar das referidas alterações, condições de pagamento e venda dos imóveis
no edital em http://www.sodresantoro.com.br. Inf.: 11 2464-6464 ou [email protected]. Luiz Fernando de Abreu Sodré Santoro, Leiloeiro Oficial JUCESP nº 192, Luiz Alexandre Maiellari, Preposto em exercício.

GALPÃO INDUSTRIAL DESOCUPADO


EM BAURU/SP - TERRENO COM ÁREA TOTAL DE 7.000 M²


Veja características completas e
envie seu lance agora pelo site:
http://www.sodresantoro.com.br

Leilão On li ne


d i a 27/03/2020 - 10h


Parada súbita


lO peso ainda relevante de em-
presas produtoras de commodi-
ties, como Petrobrás e Vale, tam-
bém ajuda a explicar a forte que-
da do índice na Bolsa brasileira.
Em relatório distribuído a clien-
tes, Carlos Sequeira, chefe de
renda variável do BTG Pactual,
afirma que há um ano o Ibovespa
era composto por 65 ações, mas
só sete delas representavam 51%
do volume total de negócios. “Na
próxima revisão, o índice deve
ser representado por 76 ações e
precisaria de dez para chegar à
mesma marca porcentual”, diz o
analista. / F.G., M.P. e F. L.

Fernanda Guimarães
Matheus Piovesana
Felipe Laurence


A paralisação da economia
por conta dos efeitos do novo
coronavírus levou o Iboves-
pa, o principal índice da B3, a
ter a maior queda entre indi-
cadores semelhantes das
principais Bolsas do mundo
em 2020. A retração chegou a
42% até o pregão da última
sexta-feira. As empresas lista-
das na Bolsa paulista perde-
ram R$ 1,746 trilhão em valor
de mercado no período.
Outros índices de Bolsas que
estão entre as maiores quedas
são o da Rússia (RTSI), com per-
da acumulada de cerca de 38%
desde o início do ano; da Bolsa
das Filipinas (-38%); o principal
índice da bolsa da Hungria (-
36%); e o da Itália (o FTSE MIB)



  • país que se tornou o novo epi-
    centro da pandemia do corona-
    vírus, mas ainda assim com que-
    da menor do que a registrada pe-
    lo Ibovespa (de 33%). Nas Filipi-
    nas, as operações da Bolsa local
    chegaram a ser suspensas na se-
    mana passada por tempo inde-
    terminado.
    Além da rápida mudança nas
    expectativas para a economia
    do País, que deve entrar em pe-
    ríodo de recessão, analistas
    apontam pelo menos outra ra-
    zão para a diferença nos índices
    de retração: o fato de a Bolsa bra-
    sileira entrar só agora em um
    período de “maturidade”, com
    a chegada de maior número de
    investidores pessoas físicas.
    Com seis acionamentos nos úl-
    timos pregões do chamado cir-
    cuit breaker (as pausas quando
    as quedas são muito acentua-
    das), o mesmo número observa-
    do em toda a crise de 2008, os
    recém-chegados teriam passa-
    do a vender ações muito rapida-
    mente, o que ajudou a levar o
    preço ainda mais para baixo.


Uma outra explicação para as
perdas recordes é a liquidez
maior da Bolsa brasileira em re-
lação a outros emergentes, o
que acentua a queda no momen-
to de crise. “Ninguém está nego-
ciando fundamentos agora”,
diz um operador de mercado.
“O mercado entrou numa área
de semi-pânico.”
Até antes da crise, a Bolsa brasi-
leira tinha boas perspectivas este
ano. “O País era um dos preferi-
dos nas recomendações de ban-
cos estrangeiros, porque iria cres-
cer acima da média dos emergen-
tes, tinha reformas em andamen-
to e estabilidade, com eleições
presidenciais ainda distantes”,
diz Ronaldo Patah, estrategista
para mercados emergentes do
UBS. “Mas, quando há pressa pa-
ra vender, o preço cai rápido.”
O movimento teria sido inten-
sificado pela inexperiência de
muitos investidores, que ha-
viam visto apenas o momento
de valorização do mercado.
“Muita pessoa física entrou no
mercado acionário no momen-
to de alta. Pouco tempo depois,
vem a crise, e essas pessoas não
estavam preparadas para tama-
nha aversão ao risco”, diz um
gestor. No fim de 2018, a B3 ti-
nha 813 mil investidores pes-
soas físicas. Em fevereiro, mo-
mento que eclodiu a crise do co-
ronavírus no mundo ocidental,
esse número tinha saltado para
próximo de dois milhões.
Em momentos de crise, é co-
mum que os investidores saiam
de mercados vistos como de
maior risco, caso dos países
emergentes, e retornem para ati-
vos considerados mais seguros,
como o dólar, que sobe 25% ante
o real em 2020. “Essa valoriza-
ção mostra a corrida por ativos
mais seguros”, diz Thiago Salo-
mão, analista da Rico Investi-
mentos. “A busca pelo dólar não
é nem por fundamento da econo-
mia americana, é fuga mesmo.”

Recessão deste ano deve continuar no próximo, diz Martin Wolf. Págs.B4 e B5}


Concentração de


ações também pesa


MAIOR VÍTIMA

FONTE: BROADCAST INFOGRÁFICO/ESTADÃO

Queda no mundo
VARIAÇÃO DO ANO, EM PORCENTAGEM

0

● Entre os principais índices das grandes Bolsas do mundo, o Ibovespa foi o que mais sofreu

FTSE- MIB
(MILÃO)

S&P 500
(NOVA
YORK)

IBOVESPA
(S. PAULO)

NASDAQ
(NOVA
YORK)

IPC
(MÉXICO)

DOW
JONES
(N. YORK)

SSECO
(XANGAI)

NIKKEI
(TÓQUIO)

FTSE 100
(LONDRES)

-42

-33,07 -32,81 -31,18

-30,03 -28,66

-23,33 -21,69

-9,98

B3 registra


maior queda


entre Bolsas


globais


Ibovespa já caiu 42% no ano, o pior resultado


entre as Bolsas mais relevantes do mundo


UNIVERSIDADE DE SÃO PAULOUNIVERSIDADE DE SÃO PAULOUNIVERSIDADE DE SÃO PAULOUNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
REITORIA DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULOREITORIA DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULOREITORIA DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULOREITORIA DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
USP VENDE IMÓVELUSP VENDE IMÓVELUSP VENDE IMÓVELUSP VENDE IMÓVEL
Acha-se aberta a concorrência nAcha-se aberta a concorrência nAcha-se aberta a concorrência nAcha-se aberta a concorrência noooo 01/2020, que ocorrerá no dia 01/2020, que ocorrerá no dia 01/2020, que ocorrerá no dia 01/2020, que ocorrerá no dia 28/04/202028/04/202028/04/202028/04/2020, objetivando , objetivando , objetivando , objetivando
a venda de imóvel localizado na cidade de São Paulo/SP, no estado em que se encontra, a saber: a venda de imóvel localizado na cidade de São Paulo/SP, no estado em que se encontra, a saber: a venda de imóvel localizado na cidade de São Paulo/SP, no estado em que se encontra, a saber: a venda de imóvel localizado na cidade de São Paulo/SP, no estado em que se encontra, a saber:
Rua da Consolação nº 268, Centro, São Paulo/SP. O edital, em que constam maiores detalhes, Rua da Consolação nº 268, Centro, São Paulo/SP. O edital, em que constam maiores detalhes, Rua da Consolação nº 268, Centro, São Paulo/SP. O edital, em que constam maiores detalhes, Rua da Consolação nº 268, Centro, São Paulo/SP. O edital, em que constam maiores detalhes,
está à disposição na Divisão de Patrimônio Imobiliário do Departamento de Finanças da Coordenadoria está à disposição na Divisão de Patrimônio Imobiliário do Departamento de Finanças da Coordenadoria está à disposição na Divisão de Patrimônio Imobiliário do Departamento de Finanças da Coordenadoria está à disposição na Divisão de Patrimônio Imobiliário do Departamento de Finanças da Coordenadoria
de Administração Geral da Universidade de São Paulo, situada na Rua da Reitoria nº 374 - 1º andar, de Administração Geral da Universidade de São Paulo, situada na Rua da Reitoria nº 374 - 1º andar, de Administração Geral da Universidade de São Paulo, situada na Rua da Reitoria nº 374 - 1º andar, de Administração Geral da Universidade de São Paulo, situada na Rua da Reitoria nº 374 - 1º andar,
sala 135, Butantã, São Paulo/SP - fones: (0xx11) 3091-3468, 3091-0104 e 3091-3533 ou pelo sala 135, Butantã, São Paulo/SP - fones: (0xx11) 3091-3468, 3091-0104 e 3091-3533 ou pelo sala 135, Butantã, São Paulo/SP - fones: (0xx11) 3091-3468, 3091-0104 e 3091-3533 ou pelo sala 135, Butantã, São Paulo/SP - fones: (0xx11) 3091-3468, 3091-0104 e 3091-3533 ou pelo
site: sites.usp.br/dpi.site: sites.usp.br/dpi.site: sites.usp.br/dpi.site: sites.usp.br/dpi.
Free download pdf