REVISTA VOO LIVRE - EDIÇÃO 30 - JANEIRO DE 2023

(MARINA MARINO) #1

aposentadaquesóagorapôdededicar-seàescrita,aqueseenvergonhadosversoseos
escondenasgavetas,aafoitaqueencorajaoutras,adoutoraqueescreveteseseartigos
derevistas,airmã,aprima,aamiga,afilha/mãe/tiaatribuladaqueinterrompeumpoema
para atenderumentequerido, aestrangeira queaprendeua recomeçar,enfim,somos
múltiplas,ealiteraturaéolugarcomumquenosaproxima,nosuneenostransformaem
sereshumanosmelhores.
Fazendo um recorte no prefácio da coletânea Se Essa Lua Fosse Nossa ( 2021 ),
reafirmoquesomostambémummovimentoliteráriocontemporâneoquesemoldaaos
novos tempos, onde a poesia está de moda; um movimento contra nossos próprios
medos, que constrói pontes para reduzir a distância entre a pluma e o papel; um
movimentodoabraçonecessário;ummovimentoquebuscacaminharhorizontalmente
compoetaseescritoras,semperderdevistaa poçãomágica:outrar-se.VâniaAlvarez
─poeta,professora,pesquisadora,livrepensadora,umamulhervisionária,umaestetada
palavraquepartiudenossasvidasvitimadapelacovid,nodia 17 dejunhode 2021 ,que
alavancou, dentro do Projeto Enluaradas, o desencadeamento do processo criativo-
literário─,afirmava,na livedoDiaInternacionaldaMulher, 08 demarçode 2021 ,que
nós, as autoras do Projeto Enluaradas, estávamos “construindo a chamada Arte
Contemporânea”equenãobastava“umaescritadefinir-secomofeminina”,era“preciso
designarafaladasmulheres”.Eenfatizava aindaque“colocar-senolugardofeminino,
requerumaposiçãoqueimplicaver-senooutro.Eesse“ver-senooutro”vaiconstruir
esse projeto de contemporaneidade, uma contemporaneidade ocidental, racional,
evolutivaedisjuntiva.”
ParailustraraprimeiracoletâneaSeEssaLuaFosseNossa,citoosseguintespoemas:


Efêmera...éfêmea(AleHeidenreich,p. 45 )

Cuida, que a beleza não acaba...essa de
dentro.
Cuida, que o que fica é o que vale, no
pensamento.
Cuida, que o caminho é longo tormento.
Em cada fresta um amor.
Em cada fresta uma dor.
Em cada fresta um suor.
Em cada fresta um tremor.
Em cada fresta um sabor.
E foi aí, que a tua história se contou.
Mas cuida, pois o que se foi não vem.
A vida é efêmera. Mas a forca, essa é fêmea.

Nua (Roberta Gasparotto, p. 346)

a lua amava uma por uma as suas
fases...
a menina sonhava em ser como a
lua,
mas se encolhia toda ao entrar em
seu quarto minguante.
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