O Estado de São Paulo (2020-03-25)

(Antfer) #1

%HermesFileInfo:B-3:20200325:
O ESTADO DE S. PAULO QUARTA-FEIRA, 25 DE MARÇO DE 2020 Economia B


Idiana Tomazelli/ BRASÍLIA


Após a polêmica em torno da
proposta de suspensão de
contratos de trabalho duran-
te a crise do novo coronaví-
rus, o governo deve destinar
R$ 36 bilhões ao pagamento
de compensações a trabalha-
dores que tiverem redução de
jornada e salário ou interrup-
ção temporária no contrato,
segundo apurou o ‘Esta-
dão/Broadcast’.

Em ambos os casos, haverá a
garantia de que a parcela da re-
muneração paga pelo emprega-
dor e a compensação do gover-
no deverão somar ao menos um
salário mínimo (R$ 1.045).
Os detalhes da medida ainda
estão sendo fechados pela área
econômica. Uma reunião sobre
o tema foi realizada ontem no
Palácio do Planalto.
Como antecipou o Esta-
dão/Broadcast
, a ajuda do gover-
no será destinada aos trabalha-
dores que ganham até três salá-
rios mínimos (R$ 3.135) men-
sais.
No domingo, 22, à noite, o go-
verno chegou a editar uma Me-
dida Provisória, com vigência
imediata, flexibilizando nor-
mas trabalhistas diante do mo-
mento de crise. Em um dos arti-
gos, havia a autorização para
suspensão temporária de con-
tratos, mas a ausência de uma
previsão expressa do dever dos
empregadores e do governo de
pagar algum valor ao trabalha-
dor causou pânico entre os cida-


dãos e deflagrou uma onda de
críticas no Congresso Nacio-
nal.
O presidente Jair Bolsonaro
recorreu às redes sociais para
anunciar a revogação do dispo-
sitivo, o que foi feito em uma
nova MP na noite da segunda-
feira, 23.
Agora, o dispositivo da sus-
pensão temporária de contrato

volta ao texto, mas restrito a em-
presas de menor porte, segun-
do apurou a reportagem.
O instrumento que todas as
empresas poderão acessar será
o da redução de jornada e salá-
rio. Os porcentuais serão distin-
tos conforme o porte da empre-
sa, mas o limite máximo será de
65%. Inicialmente, o governo
havia anunciado a possibilida-

de de cortar até 50% de jornada
e salário, mas o ministro da Eco-
nomia, Paulo Guedes, disse ao
Estado na segunda, 22, que a
empresa poderia conseguir pa-
gar só um terço da remunera-
ção – sinalizando para a redu-
ção maior.
A pedido de Bolsonaro, o go-
verno não vai mais tratar a com-
pensação paga pela União aos

trabalhadores como uma “ante-
cipação” do seguro-desempre-
go. Dessa forma, se mesmo com
todos os instrumentos lança-
dos na tentativa de evitar demis-
sões o empregado for dispensa-
do, ele receberá integralmente
a parcela do benefício a que tem
direito, sem qualquer descon-
to.

Ataques na rede. As tratativas
representam uma ampliação do
pacote anunciado inicialmente
pela equipe econômica. Após a
divulgação da primeira MP, o
presidente foi duramente ataca-
do nas redes sociais, onde rapi-
damente a hashtag #Bolsonaro-
Genocida subiu aos assuntos
mais comentados.
A previsão inicial era de que o
trabalhador poderia sofrer al-
gum tipo de desconto no segu-
ro-desemprego após receber a
compensação, de acordo com o
tempo de permanência na em-
presa.
Além de retirar o status de an-
tecipação, o governo também
ampliou o alcance da compensa-
ção. No anúncio inicial, a ideia
era que apenas trabalhadores
com remuneração até dois salá-
rios mínimos (R$ 2.090) rece-
bessem o auxílio do governo,
equivalente a 25% do seguro-de-
semprego (que ficaria entre R$
261,25 e R$ 381,22).
A área econômica trabalha
agora nos últimos ajustes e ten-
ta acelerar os trabalhos para
que a nova MP possa ser editada
ainda nesta quarta-feira, 25.

Amanda Pupo / BRASÍLIA


O governo federal acertou com
as empresas de aviação para
que, mesmo diante da queda na
demanda do setor em razão do
novo coronavírus, todos os Es-
tados tenham pelo menos uma
ligação aérea funcionando. O as-
sunto foi discutido na segunda-
feira passada durante reunião
entre representantes da Agên-
cia Nacional de Aviação Civil (A-
nac), do Ministério da Infraes-
trutura, do Conselho Adminis-
trativo de Defesa Econômica
(Cade) e das empresas aéreas.
Agora, segundo a Anac, serão
analisadas as malhas das aéreas
e feitos eventuais ajustes para
garantir que nenhuma região fi-
que isolada no País. Nem todos
os Estados terão ligação entre
si, mas a intenção é que cada
um tenha um elo na malha em
operação. Por exemplo: pelo
menos uma cidade do Acre de-
ve ter ligação com uma cidade
de outro Estado.
O ministro da Infraestrutura,
Tarcísio de Freitas, afirmou
que o Brasil conta com déficit
na balança comercial no setor


de saúde e que, por isso, é impor-
tante que os Estados tenham li-
nhas aéreas disponíveis para re-
ceber materiais como remé-
dios, vacinas, insumos e equipa-
mentos hospitalares.
“Por isso, a importância de
mantermos os aeroportos em
funcionamento e linhas aéreas
disponíveis para os estados,
mesmo com a demanda reduzi-
da”, disse ele por meio de nota
divulgada pela Anac.
A Gol anunciou que, entre 28
de março e 3 de maio, manterá
em operação somente a malha
essencial de 50 voos diários, co-
nectando todas as capitais dos
estados brasileiros a partir do
aeroporto internacional de São
Paulo, em Guarulhos (GRU). O
tempo limite das conexões tam-
bém será flexibilizado para ga-
rantir a ligação entre capitais
em até 24 horas. Já a Azul disse
que até 30 de abril irá operar 70
voos diários para 25 cidades. A
Latam deve definir suas rotas
nos próximos dias.
“Estamos queimando deze-
nas de milhões de reais por dia.
A coordenação por parte da
Anac representa um recuo orga-
nizado da demanda e queda des-
sa queima”, disse o presidente
da Associação Brasileira das Em-
presas Aéreas (Abear), Eduardo
Sanovicz. Ele lembrou que al-
guns aviões estão decolando
com até 12 passageiros frente a
uma capacidade de 180 lugares.

PANDEMIA DO CORONAVÍRUS


l Ajuda

http://www.sodresantoro.com.br
11 2464-
Marginal da Via Dutra, km 224 - Guarulhos/SP.

LEILÕES DIÁRIOS DE VEÍCULOS


SOMENTE


ONLINE


Em cumprimento à legislação vigente e preocupados com a saúde de

todos, os leilões estão sendo realizados somente online, sem visitação
pública, a fim de evitar aglomerações. A entrega dos veículos se dará a

partir da data estabelecida pelas autoridades ou ATRAVÉS DE DELIVERY.

Consulte-nos para disponibilidade em sua região.

Depois da polêmica com proposta da suspensão dos contratos de trabalho, MP deve definir compensações a trabalhador que sofrer cortes


Apesar de queda de


demanda depois do


coronavírus, acordo


prevê ligação entre


todos os Estados


Economistas veem espaço para aumento do gasto público. Pág. B4}


BRASÍLIA


O Senado Federal se mobiliza
para elevar de R$ 200 para R$
350 a renda mínima que será
concedida pelo governo aos tra-
balhadores informais enfrenta-
rem a crise econômica provoca-
da pela pandemia da covid-19.
O valor corresponde a cerca de
um terço do salário mínimo
atual (R$ 1.045) e seria pago du-
rante os próximos três meses.
A mudança elevaria em 75% o


custo da bolsa emergencial que
será concedida aos trabalhado-
res autônomos, passando de R$
15 bilhões para R$ 26,6 bilhões.
Segundo apurou o Estado , o
ministro da Economia, Paulo
Guedes, pediu a área técnica on-
tem que refaça as contas para
avaliar o impacto de uma eleva-
ção para esse valor. Guedes, no
entanto, assim como o presiden-
te Jair Bolsonaro, tem cobrado
dos congressistas que cortem re-
cursos do fundo eleitoral e de

outras áreas para ajudar no fi-
nanciamento do auxílio aos in-
formais.
Para o líder do MDB, senador
Eduarda Braga (AM), é preciso
rapidez porque agências da Cai-
xa Econômica Federal já estão
lotadas de pessoas à procura da
ajuda oferecida pelo governo.
Anunciada pela equipe econô-
mica, a medida ainda não foi im-
plementada. O líder disse que o
governo precisa usar os recur-
sos do Fundo de Amparo ao Tra-

balhador (FAT) para garantir a
renda mínima aos autônomos.
“Já sabemos que tem na infor-
malidade algo como 40 mi-
lhões de brasileiros. Imagine
que o número seja de 40 mi-
lhões de desempregados de car-
teira assinada e, se tivermos 40
milhões de autônomos buscan-
do recursos, estamos falando
de garantir renda mínima para
80 milhões de brasileiros”, dis-
se Braga.
O governo avalia encaminhar

a proposta que cria um benefí-
cio para trabalhadores infor-
mais no mesmo projeto de lei
que tratará do critério de acesso
ao benefício assistencial pago a
pessoas com deficiência e ido-
sos de baixa renda, o chamado
BPC. O Congresso havia derru-
bado um veto do presidente Jair
Bolsonaro, ampliando o benefí-
cio a idosos e pessoas com defi-
ciência com renda familiar de
R$ 522,50 por pessoa – o dobro
do limite anterior (R$ 261,25 por

pessoa).
O projeto de lei foi acertado
com o Congresso para reverter
uma parte da ampliação, evitan-
do que o custo de R$ 20 bilhões
adicionais ao ano recaia integral-
mente sobre os cofres do gover-
no. A ideia então é que a criação
do repasse temporário aos traba-
lhadores informais venha nesse
mesmo projeto.
Uma fonte da área econômica
alertou que, se o Congresso ten-
tar ampliar o valor do benefício
aos informais, será necessário
encontrar uma fonte de com-
pensação. / ADRIANA FERNANDES e
I.T.

R$ 3.
é o teto do salário do
trabalhador que poderá
requerer a ajuda do
governo federal; valor
equivale a dois salários
mínimos, hoje em R$ 1.

DIDA SAMPAIO / ESTADÃO - 1/10/

Governo destina R$ 36 bi para formais


Benefícios. Equipe econômica do governo trabalha nos últimos ajustes para que MP possa ser editada ainda hoje

Anac e empresas


áreas definem novas


rotas de voo no País


Senado quer elevar auxílio a informais para R$ 350


i
Free download pdf