de um pomar, ao mesmo tempo que o primeiro relâmpago ao longe, ainda na fronteira
com a Zâmbia, se aproximava de nós cavalgando o Tejo, ao mesmo tempo que as pedras
do rim aumentavam, ao mesmo tempo que a minha mãe sorria, ao mesmo tempo que
a minha irmã com o dedo espetado na minha direção
- Tu
a acusar-me sei lá de que crime talvez por lhe ter dito que se a nossa mãe quisesse,
dentes contra dentes, a ajudava a morrer e ela furiosa comigo - Tu
porque a mãe dela não morria e a minha já morta, só uma orelha, só cotos em lugar
de mãos, só combustível entornado por cima - Queima queima
só fiapos, não pedras, só restos de pano, não sangue, restos de ossos, não carne,
quando Sua Excelência e eu acabamos ordenei-lhe - Compõe-te
a compor-me também, ajustei a camisa, ajustei o cinto nas calças, ajustei o casaco e
ela ajustou as madeixas com os dedos sem me chamar - Preto
calada, Sua Excelência calada, Sua Excelência onde é que já se viu, calada e portanto
fui buscar a mala à bagageira, ordenei-lhe - Vamos embora que o meu pai está à espera
e começamos a caminhar estrada adiante.