— Não — Jack concordou. — Mas uma parte é, sim. E Gail tem razão. Temos
de abrir o jogo. Falar a respeito de tudo. Depois, precisamos apoiar Brad, que
acha que sua vida simplesmente acabou. E a maior parte disso é
responsabilidade de seu maldito pai, que põe uma pressão insuportável sobre ele.
E é muito louco o fato de Brad odiá-lo num momento, e no seguinte não ser
capaz de aguentar a ideia de desapontá-lo. — Deu de ombros. — Tanto faz.
Vamos esperá-lo no apartamento.
Eles pagaram a conta e deixaram o restaurante. Era uma noite fria de abril,
com os ventos vindos do Potomac trazendo o cheiro de salmões e caranguejos. O
celular de Jack vibrou em seu bolso com a chegada de uma mensagem de texto.
Eles estavam no pé da escada de seu prédio.
As garotas começaram a subir os degraus, enquanto Jack tirava o celular do
bolso. A mensagem era de Brad.
Você a tirou de mim, Jack.
Mas acho que ela realmente nunca foi minha.
— É uma mensagem de Brad? — Becca perguntou do alto da escada.
Jack hesitou por um instante e, em seguida, fez um gesto negativo com a
cabeça.
— Não. É de um professor a respeito de uma dissertação.
Enquanto as garotas permaneciam no alto da escada, Jack tornou a ler a
mensagem. Elas ficaram impacientes.
— Ei, Jackie Boy! — Gail se achava no patamar da escada em frente ao
apartamento dele. — Vamos, está frio aqui!
Jack olhou para o texto uma última vez, lendo-o antes de pôr o celular no
bolso. Queria responder ao amigo. Algo que reconhecesse a dor de Brad, ou que
admitisse sua suposta traição.
Lentamente, subiu os degraus, pensando no que dizer. Enfiou a chave na
fechadura e abriu a porta. Nesse momento, uma série fragmentada de imagens
varreu sua mente como um videoclipe em branco e preto, com pequenas partes
estáticas. A expressão de Brad mais cedo, quando ele deixou o apartamento. A
carta de rejeição sobre a mesa. Suas palavras... Rejeitado! Exatamente como
tudo o mais na minha vida . Antes de a porta se abrir por completo, Jack sabia o
que havia do outro lado. Uma mensagem de resposta ao amigo não seria
possível.
Becca soltou um grito. À soleira, Jack ficou paralisado como uma estátua. Ele
nunca olhou para o rosto de Brad, ou talvez sua mente tivesse bloqueado a
imagem inchada, vermelha como sangue, em sua memória. Mas o que ficou