A garota do lago

(Carla ScalaEjcveS) #1

— Quer dizer que ela engravidou, depois fugiu e casou com o rapaz bem
rápido?
— É plausível. Talvez explique por que a família tenta encobrir as coisas. Um
pai que tem um escritório de advocacia importante e está se preparando para se
candidatar a um cargo de juiz não quer que descubram que sua filha solteira e
grávida foi estuprada.
— Mas ela era casada.
— Mas ninguém sabia disso. Talvez fosse pior ainda para um advogado
importante que sua filha fugisse para se casar. Mas preciso de alguma ajuda.
Essas são todas peças importantes do quebra-cabeça, mas sozinhas não me
deixam mais perto de descobrir quem arrombou a casa dos Eckersley naquela
noite.
— Bem... — Ferguson brincou com sua xícara sobre o balcão. — Primeiro,
você tem de lembrar que ninguém arrombou a casa. Não há sinal de entrada
forçada. O que significa que uma recém-formada na George Washington e pós-
graduanda, na época, ou era ignorante demais para não saber que não devia abrir
a porta para um estranho estando sozinha na casa de férias de sua família, ou
conhecia a pessoa e permitiu que ela entrasse.
— Muito bem. Então, Becca desliga o alarme e abre a porta. Para quem? Ela
estava casada e grávida, mas quem diabos a matou?!
O delegado Ferguson tomou mais um gole e, em seguida, tornou a olhar em
volta. O restaurante estava quase vazio.
— Pode ser que sua fonte esteja errada a respeito do casamento. Ou talvez a
garota Eckersley estivesse equivocada sobre as intenções do rapaz: ela queria se
casar e achou que quem a engravidou quisesse a mesma coisa. Becca contou isso
para algumas pessoas, ou pelo menos para sua fonte. O único problema? O rapaz
não quis se casar com ela. Também não queria um filho. E encontrou apenas
uma única maneira de resolver a encrenca.
Kelsey considerara um cenário similar. Era uma boa teoria, mas com
personagens ausentes. E eles se moviam em ordem inversa — em geral, acha-se
um suspeito, e depois se procura um motivo; não o contrário.
O delegado Ferguson deixou escapar uma de suas risadas grosseiras enquanto
a observava pelejar com as possibilidades.
— Ninguém disse que seria fácil solucionar esse crime. No entanto, à medida
que você avança nesse caso, quero que se lembre de uma coisa.
— Do quê?
— Em minha experiência, você pode encaixar a pessoa que faz algo tão
terrível contra uma bela jovem em duas categorias. A primeira é daquela que
odeia a vítima.

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