A garota do lago

(Carla ScalaEjcveS) #1

— Um dos detetives do caso Eckersley me procurou ontem à noite. Ele me
disse para parar de bisbilhotar e voltar para Miami.
— Sério? Duvido que ele tenha autoridade para mandá-la embora da cidade.
— Em outras circunstâncias, eu concordaria com você. Mas ele começou a
fazer perguntas sobre documentos roubados do prédio do condado, e onde eu
estava naquela noite.
— O que você disse?
— Agi como se eu não soubesse do que ele estava falando, mas não acho que
foi um blefe muito bom. Ele me falou que estavam sendo analisados os vídeos
das câmeras de segurança, que mostravam duas pessoas entrando no prédio
depois do horário de expediente com um cartão de acesso roubado.
— Putz...
— Sim, estamos metidos numa encrenca. Eu quis alertá-lo. Você também deve
avisar ao seu amigo que lhe deu o cartão que a polícia talvez o procure.
— Com a polícia prestes a cair sobre nós, você acha que é uma boa ideia
invadir outra casa?
— Não é uma boa ideia, mas é minha única chance de terminar o que comecei
aqui.
— O que há nesse caso, Kelsey? Por que ele é tão importante para você?
Através do para-brisa do veículo, Kelsey viu o sol poente deixar uma trilha
tremulante cor de cereja sobre Summit Lake. Sentia empatia por Becca, que,
como ela, sofrera um ataque brutal. Que ninguém pagasse pelo crime era algo
que Kelsey não podia aceitar. Sentia-se ávida pelo desfecho do caso, e não
conseguiria deixar Summit Lake sem isso.
— Não tenho certeza — por fim ela afirmou. — Sei muita coisa a respeito
dessa garota, mas ainda não o suficiente para encontrar as respostas. Não posso
ir embora com todas essas questões pairando no ar.
— Por isso você me pediu ajuda para invadir a casa de uma mulher hoje à
noite?
— Sim. Sei que você está se arriscando por mim de novo, algo que não
precisa fazer, Peter. Estou nervosa demais para tentar isso sozinha. E espero que
você não se meta numa encrenca por aquilo que fizemos na outra noite.
Peter sorriu.
— Você vale uma pequena encrenca.
O celular de Kelsey vibrou. Ela baixou os olhos e leu a mensagem de texto.
— Tudo bem. Rae a tirou de casa. Foram jantar fora. Temos cerca de uma
hora. Uma hora e meia, no máximo.
— Vamos. — Peter deixou o estacionamento do mirante e começou a descer a
estrada da montanha. — Onde a velhinha mora?

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