alguma especulação, é claro, mas Kelsey tinha certeza de que possuía as
informações corretas. Apesar de tudo, ela manteve o diário de Becca consigo. O
detetive Madison não precisava saber de tudo. De fato, ele não merecia.
Summit Lake, tão especial para Kelsey agora, foi incluída numa bela abertura
da terceira parte do artigo. Ela até conseguiu mencionar dois integrantes do
grupo de fofocas: a mulher corpulenta e o homem de quarenta anos. Aí, partiu
para o início do fim de Becca, a garota a quem se sentiu tão ligada. Da chegada
de Becca à cidade, passando por sua conversa com Livvy Houston, até seu
retorno para casa, Kelsey traçou o caminho dela para a morte. E do outro lado,
revelou a presença de Brad nas sombras, sua vida nas montanhas e sua chegada à
palafita, naquela noite. Óbvio que não houve entrada forçada. Óbvio que Becca
lhe permitiu entrar na casa. Eles foram amigos íntimos, reunidos no dia 17 de
fevereiro num desenlace doloroso e trágico.
A última noite de vida de Becca Eckersley fluiu da ponta dos dedos de Kelsey
sem nenhum esforço. Na sequência, ela narrou suas próprias duas semanas em
Summit Lake, concluindo com sua jornada até as montanhas e a mórbida
descoberta na cabana. As fotos de seu celular eram um toque adicional para
ilustrar a história.
Às duas e quinze da manhã, Kelsey gravou os três dias de produção literária
num pen drive e enviou uma cópia por e-mail para Penn Courtney. Tirou a rolha
de uma garrafa de vinho chardonnay, encheu uma taça e foi até a varanda.
Summit Lake estava adormecida, escura, a não ser pelas esquinas iluminadas
por postes de luz e a fachada da igreja de São Patrício, a cinco quarteirões de
distância, iluminada por refletores. Kelsey ficou sentada por meia hora, bebendo
vinho e se lembrando da vida de Becca Eckersley.
carla scalaejcves
(Carla ScalaEjcveS)
#1