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A10 Metrópole QUARTA-FEIRA, 1 DE ABRIL DE 2020 O ESTADO DE S. PAULO
Gonçalo Junior
O aeroporto de Guarulhos, o
maior da América do Sul e o se-
gundo maior da América Lati-
na, com movimentação de mais
de 120 mil passageiros por dia,
vai fechar temporariamente as
operações de embarque e de-
sembarque no Terminal 1. O
anúncio foi feito ontem pela
GRU Airport, concessionária
que administra o aeroporto in-
ternacional de São Paulo. A me-
dida foi adotada partir da meia-
noite de hoje.
Durante o período, o trans-
porte entre terminais e de cone-
xão com a Companhia Paulista
de Trens Metropolitanos
(CPTM) não vai contemplar o
Terminal 1. Os serviços de res-
taurantes também serão desati-
vados. Os demais terminais con-
tinuam funcionando. O Termi-
nal 2 está funcionando para
check-in e embarque normal,
mas desembarque apenas de
voos domésticos. O Terminal 3
está realizando as atividades de
check-in, embarque e desem-
barque dos voos internacionais
(incluindo os que desembarca-
riam pelo terminal 2). A movi-
mentação do Terminal 1 repre-
sentava 10% da média diária do
total de embarques e desembar-
ques de passageiros.
O fechamento do terminal es-
tá alinhado à redução dos voos
das companhias aéreas. Empre-
sas do mundo todo têm reduzi-
do o número de voos, tanto na-
cionais quanto internacionais,
devido à pandemia do novo co-
ronavírus. Das quatro compa-
nhias aéreas nacionais que ope-
ravam em Guarulhos, duas sus-
penderam temporariamente as
operações. Entre as internacio-
nais, de 27 empresas, 10 conti-
nuam operando no aeroporto
internacional.
A interrupção das atividades
no terminal 1 também está ali-
nhada à interrupção momentâ-
nea das atividades da compa-
nhia aérea Azul no aeroporto. A
empresa está reduzindo a sua
malha para 70 voos diários li-
gando 27 cidades do País. As
operações no estado de São Pau-
lo devem ficar concentradas no
aeroporto de Viracopos, em
Campinas, no Interior.
Para informações relaciona-
das a voos, o passageiro deve fa-
zer contato com a companhia
aérea no telefone 11 4003-
(capitais e regiões metropolita-
nas) ou 0800 887 1118 (demais
localidades).
Cumbica fecha Terminal 1
temporariamente
André Borges
Julia Lindner / BRASÍLIA
A quarentena no Distrito Fede-
ral não acaba até o fim de maio.
A informação é do governador
Ibaneis Rocha (MDB), que pu-
blicou ontem um decreto que
estende oficialmente o recolhi-
mento social na capital federal
até o dia 13 de abril. Oficialmen-
te, a quarentena do DF acabaria
no próximo dia 5, mas o gover-
no ampliou o prazo para mais
uma semana.
Ao Estado , o governador re-
conheceu que, na prática, trata-
se de uma formalidade, já que o
pico da covid-19 no País está es-
timado para ocorrer entre a se-
gunda quinzena de abril e início
de maio. “Não tem último dia
de quarentena. O último dia se-
rá quando a Organização Mun-
dial da Saúde (OMS) disser que
isso acabou, que teremos trata-
mento e pudermos sair com se-
gurança”, disse. “A gente tem
de ir fazendo isso aos poucos,
liberando alguns setores que
possam voltar ao trabalho, com
menos impacto e que ajudem a
população. Só isso.”
Segundo o governador, os de-
cretos sobre as quarentenas são
publicados antecipadamente
para dar previsibilidade. Na últi-
ma semana, o governo do DF
liberou a abertura de correspon-
dentes bancários e lotéricas,
que atendem pessoas que rece-
bem benefícios sociais. Ibaneis
está analisando alguns setores
específicos, como oficinas me-
cânicas, que não têm aglomera-
ções. “Estamos analisando ca-
so a caso. Vamos cobrar com-
promissos de higienização, mas
tudo está sendo analisado.”
As escolas seguirão de portas
fechadas até o fim do semestre.
“Sobre o retorno de aulas, por
exemplo, eu não calculo o retor-
no antes de junho, de maneira
nenhuma. Se todos nós, autori-
dades e população, seguirmos
as orientações de isolamento e
cuidados, mais cedo vamos sair
dessa crise. A medida do isola-
mento é dura e difícil, mas é ne-
cessária”, disse Ibaneis.
Hospitais. Um total de 146 sa-
las comerciais que rodeiam a es-
trutura do Estádio Mané Garrin-
cha, em Brasília, será transfor-
mado em um hospital de campa-
nha para apoiar os atendimen-
tos a pessoas contaminadas pe-
lo coronavírus. “De hoje ( on-
tem ) para amanhã ( hoje ) estou
publicando o edital de constru-
ção de nosso hospital de campa-
nha do Distrito Federal”, disse.
“A ideia é usar esse espaço. São
áreas prontas, com energia e ar
condicionado.”
O hospital de campanha vai
receber pessoas que estavam
em situação grave, mas se recu-
peraram e precisam ficar em um
ambulatório, para observação.
“Será um hospital de apoio, pa-
ra servir na parte ambulatorial,
não como UTI.” A estrutura de-
ve ficar pronta entre 15 e 20 dias,
segundo o governador. O DF
tem cerca de 800 unidades de
tratamento intensivo (UTIs) à
disposição, se somados os da re-
de pública e privada.
Rio e SP. Ontem, o governo do
Estado do Rio de Janeiro ini-
ciou a montagem do hospital de
campanha contra ao novo coro-
navírus no Maracanã. A estrutu-
ração teve início pela pista de
atletismo desativada e a expec-
tativa é de cerca de 400 leitos.
Nesta semana, também deve co-
meçar a funcionar em São Pau-
lo o hospital de campanha no
Estádio do Pacaembu.
André Borges
Julia Lindner / BRASÍLIA
Giovana Girardi
A rede Prevent Senior concen-
tra 79 das 136 mortes (58%) já
registradas por coronavírus
no Estado de São Paulo. No to-
tal, o País já tem 201 óbitos
confirmados pela doença. A
Prefeitura da capital paulista
disse ter pedido intervenção
sanitária na Prevent ao gover-
no estadual, que ainda anali-
sa a solicitação. A rede parti-
cular, voltada para idosos, dis-
se seguir os protocolos da Or-
ganização Mundial da Saúde
(OMS) e negou que as infec-
ções tenham ocorrido dentro
de seus hospitais.
“Ali (Prevent) é um fenôme-
no, porque um determinado em-
presário tinha de fazer um pla-
no de saúde só para idoso. Co-
mo os idosos compram, fez
uma carteira muito idosa. O hos-
pital inteirinho é de idoso. En-
trou o coronavírus dentro de
um hospital só de idosos, um
ponto fora da curva. Não conse-
guiram segurar ali dentro”, dis-
se o ministro da Saúde, Luiz
Henrique Mandetta. Segundo
ele, se os idosos estivessem es-
palhados em diferentes locais, a
transmissão teria sido menor.
“O que você não quer? Aglo-
meração é a primeira. A segun-
da é aglomeração de idosos. A
terceira é aglomeração de ido-
sos, todos, doentes. A quarta é
que esses idosos não possam
sair desse lugar. E a quinta é que
entre o vírus no ambiente”, criti-
cou Mandetta. “E isso serve
muito para a Agência Nacional
de Saúde (Suplementar, autar-
quia responsável pelos planos) ,
que não deveria ter autorizado
isso ( plano só para idosos ).”
Mandetta disse que as mor-
tes foram em um único hospi-
tal, mas a Prevent Senior afir-
mou que foram em duas unida-
des, no Paraíso, zona sul, e em
Santa Cecília, na região central.
O ministério afirmou estar -
preocupado com a aglomera-
ção de idosos em hospitais, asi-
los e outros locais que atendem
pessoas acima de 60 anos, parte
do grupo de risco do vírus.
A Secretaria Municipal de
Saúde informou que solicitou à
Secretaria Estadual da Saúde,
na sexta-feira, 27, intervenção
sanitária temporária em três
unidades da Prevent. Quando
começaram a ser registradas
mortes na rede, a pasta fez in-
vestigação nos hospitais, com
técnicos da Vigilância Sanitá-
ria, e informou ter encontrado -
quadro de superlotação, incor-
reção no isolamento de conta-
minados e poucos profissio-
nais. A rede foi autuada, mas as
mortes continuaram.
O Estado informou que o Cen-
tro de Vigilância Sanitária
(CVS) pediu à Prefeitura para o
relatório referente ao Hospital
Sancta Maggiore, da Prevent. Vi-
sita do CVS havia constatado
que a unidade estava em confor-
midade com a lei sanitária.
Defesa. Fernando Parrillo,
CEO da Prevent, afirmou ao Es-
tado que a rede segue o proto-
colo da OMS. “Logo que come-
çou a epidemia na China, come-
çamos a conversar com pessoas
nesses países e seguimos o que
fizeram e deu certo, o isolamen-
to dos pacientes que tinham o
problema”, afirmou.
Ele negou que o número de
mortos em dois hospitais da re-
de seja um número alto. “Te-
mos padrões de transparência e
estamos notificando todos os
casos. Obviamente temos um
problema estrutural no Brasil
inteiro de termos testes. Mas a
nossa taxa de mortalidade para
casos críticos está abaixo da mé-
dia observada em outros países,
de 15%. A nossa é de 12%”, afir-
mou ele, sem citar os casos to-
tais atendidos pelo grupo. Afir-
mou apenas que a rede tem 470
mil beneficiários, todos idosos.
Sobre o pedido do Município
e a declaração de Mandetta, dis-
se que “causaram espanto”, por-
que os laudos do governo não
tinham indicado problema.
Investigação. O Ministério Pú-
blico de São Paulo também apu-
ra suposto delito de não notifi-
cação compulsória de mortes
por coronavírus na Prevent. A
rede nega omissões e diz colabo-
rar com as autoridades.
PANDEMIA DO CORONAVÍRUS
Fechamento está
alinhado com redução de
voos das companhias
aéreas. Azul também
deixou de operar no local
WILTON JUNIOR/ESTADÃO
Emergência. Trabalhadores erguem estrutura para hospital de campanha no complexo do Maracanã, no Rio; os leitos ficarão no espaço onde estava o estádio de Atletismo Célio de Barros
l Balanço
l Fora da curva
Município pede intervenção em hospitais do plano, voltado para idosos e criticado pelo ministro Mandetta; empresa nega irregularidades
Reajuste dos remédios é adiado por 60 dias. Pág. A11 }
WERTHER SANTANA/ESTADÃO
Deserto. Terminal de passageiros do aeroporto de Guarulhos
DF deve ser 1º a estender quarentena, até o fim de maio
317 casos
foram confirmados até ontem no
Distrito Federal, com dois óbitos;
26 deles estão com infecções
graves e 12 com infecções críti-
cas. Outras 146 pessoas conse-
guiram se recuperar.
Ao ‘Estado’, governador
afirma que, na prática,
ainda não há data
definida para fim do
período de isolamento
NILTON FUKUDA/ESTADÃO 20/3/
Prevent Senior registra 58% das mortes
“O hospital inteirinho é de
idoso. Entrou coronavírus
dentro de um hospital só de
idosos, um ponto fora da
curva.”
Luiz Henrique Mandetta
MINISTRO DA SAÚDE, SOBRE REGISTROS
DE MORTE NA PREVENT SENIOR
Sancta Maggiore. Hospital da rede passou por inspeção