Era tudo amarelo. Na frente da cama, sobre a cômoda, um arranjo de flores
enfeitava o quarto, dando vida onde em pouco tempo surgiria vida. Um silêncio
de expecta va aguardava pelo choro da criança que há poucas horas nha vindo
ao mundo.
Uma porta abria-se para um pequeno terraço. Muito floridos, os gerânios
do canteiro de concreto exalavam um perfume que, misturado ao das outras
flores plantadas no pá o próximo, proporcionava calma naquela madrugada
quente.
A mãe descansava longe dali, no centro cirúrgico. Ainda não nha visto a
criaturinha que por meses nha se abrigado em seu ventre, de onde saiu direto
para as mãos ágeis de uma enfermeira que a re rou do local segundos após o
parto. Queria saber como ela era. Tinha se preparado para sua chegada. Havia
desejado estar com ela nos braços. Precisava vê-la.
Comum entre pais orgulhosos, o costume de preparar lembrancinhas para
quem viesse visitar o bebê nha sido seguido. Eram pequenas flores, amarelas
também, dessas que não respiram, só encantam, presas a um cartão preenchido
com o branco da dúvida sobre o nome do bebê. Como os pais quiseram ter a
surpresa no dia do seu nascimento, não se precipitaram em colocar nenhum dos
dois nomes escolhidos: Germano Gustavo e Charlo e. Por esse mo vo também,
tudo era amarelo. O amarelo da expecta va.
Embora desejando muito uma menina, já que cada um trazia um filho do
primeiro casamento, o casal nha consciência de que o mundo não gira de acordo
com as vontades humanas. Estar preparado para qualquer coisa não existe.
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(Casulo21 Produções)
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