CHARLOTTE

O dia seguinte ao parto foi reservado para as explicações. À tarde, José
chegou para ver a filha, e a mulher, assim como faria com as outras visitas, ficou
encarregada de dar a nocia.
Ele trouxe mais flores.
Após a revelação, reproduzindo o padrão masculino predominante, ele
engoliu o choro. Os homens são realmente mais fortes...
Os dois esperavam muito a vinda dessa criança. Tinham planejado sua
chegada. Certa vez, em visita ao cemitério, costume adquirido por Bernadete na
infância, os dois se depararam, frente aos túmulos de antepassados, com a
inscrição do nome Charloe.
Charloe fora tataravó de Bernadete e sua lápide já estava no Parque da
Saudade fazia décadas. Por mais repedas que vessem sido as visitas àquele
local, o centenário nome nunca nha chamado a atenção. Porém, naquela tarde
de sábado, parecia ter despertado como luz sobre o mármore. "Que nome
maravilhoso. Aquele, Germano Gustavo, também. Por que ninguém da família
nunca colocou esses nomes nos filhos? Pena que eu não vou ter mais filhos..."
Depois deste comentário, Bernadete ouviu do marido um sonoro: "Quem disse?"
A decisão de não mais ser mãe nha sido tomada devido à situação em que
ambos se encontravam. Ela era viúva e nha um filho de cinco anos. José nha um
de seis, que, desde o divórcio dos pais, morava em Curiba com a mãe. Suas vidas
já estavam estabilizadas. Não era hora para mudanças. Pela lógica, seria
complicado para o casal ter, naquele momento, mais um filho. Ah, a lógica...
Em nome de um senmento arrebatador chamado paixão, Bernadete senu
a necessidade de ter outro bebê. Em meio aos campos de hortênsias, durante