- contador-mediador: aquele que exerce a contação como meio para alcançar
um objetivo diverso da arte. Atua em escolas incentivando a leitura, em projetos
sociais almejando à sensibilização, em hospitais fornecendo acalanto, em festas
para entreter e alegrar, etc; - contador-artista: aquele que se apropria de técnicas próprias da linguagem
narrativa e, por vezes, as associa a outras como a música, as artes visuais, o circo,
etc. Atua em projetos, eventos, apresenta-se publicamente por meio de ação
performática. Neste caso, a contação de histórias é o impulso e a finalidade do
processo. A arte pela arte, se bastando, provocando fruição.
Claro que um objetivo não está excluído dos demais, pois sabe-se que toda
contação carrega o perfil da ancestralidade e preservação da memória, como
também da arte e promove continuidades ligadas a outras áreas como educação,
saúde, bem-estar, política. No entanto, para estar ciente de sua atuação, de quais
materiais irá se beneficiar para formação, com quais espaços e instituições estará
alinhado, esta distinção segundo objetivos pode ser esclarecedora para o
profissional contador.
Característica efetiva desta categoria de arte é a sua realização no tempo
presente e na presença entre aquele que transmite e o que percebe. Pode-se narrar
fatos passados, supor futuros, mas a ação entre narrador e ouvinte dá-se no agora.
Tem no gesto, na voz e no corpo os elementos que a constituem.
Nesta gama de atributos próprios da narração de histórias, a performance
merece atenção por estar ligada à categoria de rito e à possibilidade de
compatibilizar-se com todas as outras formas de arte. Ela é definida pelo linguista
e pesquisador Paul Zumthor, em seu livro “Performance, recepção, leitura” como a
ação em que o corpo é ao mesmo tempo o ponto de partida, o ponto de origem e o
referente do discurso. Para ele, performance é reconhecimento, é única em cada
atuação e modifica o conhecimento. No instante em que se consegue atingir e
interagir com a plateia, acontece a experiência performática.
Também, para que se concretize, o realizador assume claramente a
responsabilidade de saber que ela causará transformações não só em sua plateia
como em si mesmo. O contador de histórias deve entender que seu ofício só se
efetiva com a presença e participação da plateia, com seu corpo presente naquele
espaço, seu olhar, sua escuta e suas lacunas de memória que anseiam ser
preenchidas. O narrador oral é aquele que desperta a palavra, dando-lhe intenção.
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(Casulo21 Produções)
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