Na história pesquisada o desfecho ocorre logo que a família abre os retalhos
e tira o dinheiro que lhe garantirá sustento por um tempo. Senti falta de um
direcionamento mais estável ao personagem e também quis mostrar que a busca
pelas esmolas não serviria apenas para suprir necessidades momentâneas, com
prazo. Acredito que todo percurso traz ensinamentos, descobertas. Por isso, como
arremate, incluí o aprendizado do personagem que se reconheceu como
profissional, também salientando o trabalho do artista e seu valor na sociedade.
Nessa história aparece uma peça do vestuário: o casaco. O ser humano
é o único animal que usa roupas (com exceção de alguns cachorrinhos de
estimação!). Para proteger o corpo do frio, os homens da pré-história cobriam-
se com peles de animais. Depois então, com a criação de fios e tecidos, passaram
a vestir roupas. Algumas peças servem também para representar grupos de
pessoas, hierarquias ou profissões, como os uniformes, as roupas de reis e
rainhas, as vestimentas para cerimoniais de casamento, batismo ou formatura.
Dos ofícios mais antigos da arte de linhas e agulhas é a alfaiataria, ou seja, o
ato de medir, desenhar, cortar e costurar uma peça de roupa.
Esta “costura” é bem curta, pois entendo que ao passar da metade do
espetáculo, os textos devam ser mais dinâmicos e leves, abrindo até para
participação ativa da plateia, como ocorre com o último conto, que virá na
sequência.
Ao trazer a relação entre o casaco e o vestuário dos seres humanos, cria-se
uma aproximação da plateia com o tema geral do espetáculo, uma vez que todos
conhecem e utilizam vestimentas. Nesse momento, a temática torna-se palpável a
todos, pois resgata a origem e processo que resultam na confecção de peças de
roupa, ou seja, a fabricação de tecidos e, antes, de fios.
Também nesse texto proponho uma brincadeira com a referência às roupas
para cachorros, o que estreita a intimidade entre cena e plateia, por meio da
constatação e do riso.
A graça relaxa as pessoas e faz com que se entreguem ao jogo do faz-de-
conta com prontidão. Em um roteiro de espetáculo ou mesmo em uma sessão de
contos, prefiro deixar esses momentos cômicos ou de interatividade direta para o
final. Não apenas para contrapor à disposição física e mental dos ouvintes, como