Este material é produzido pelo Media Lab Estadão.
São Paulo,
8 de abril
de 2020
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EMBAIXADOR DA MOBILIDADE
sões de infraestrutura que tomamos
no passado têm até hoje, tanto para o
meio ambiente como para a saúde dos
cidadãos de grandes cidades.
cazes e sus- A busca por soluções efi
tentáveis de transporte é fundamental
e urgente – a Organização Mundial
da Saúde calcula que morrem cerca
de 7 milhões de pessoas por ano de
problemas causados pela poluição
do ar, sem falar no aquecimento glo-
bal, com as consequentes queimadas,
ondas de calor, deslocamentos de ci-
dades inteiras e uma série de outras
questões ainda imprevisíveis.
TRANSFORMANDO AS CIDADES
A terceira refl exão, e uma das mais
importantes, é o poder que temos
quando agimos pelo bem do cole-
tivo. Uma coisa que aprendemos ao
longo dos nossos dez anos de exis-
tência da Tembici é que, quando
uma pessoa começa a pedalar, ela
transforma sua própria vida. Quan-
do muitas pessoas começam a peda-
lar, elas transformam cidades intei-
ras. Buscar as pautas comuns diante
de uma sociedade muitas vezes po-
larizada é fundamental. No caso es-
pecífico da pandemia da covid-19,
isso significa tanto proteger nossa
saúde como encontrar alternativas
para a nossa economia – e para as
pessoas mais fragilizadas por ela.
Na Tembici, optamos por não
perder nenhum desses pontos de
vista. Nossas bicicletas estão ser-
vindo tanto como uma opção de
transporte individual quanto para as
pessoas que estão na linha de frente,
como especialistas da área da saúde
e funcionários de supermercados,
como também para a ciclologística,
ação
O direito de ir e vir
em meio à pandemia
QUANDO
UMA PESSOA
COMEÇA A
PEDALAR, ELA
TRANSFORMA
SUA PRÓPRIA
VIDA.
uma das principais alternativas para
consumidores e comerciantes du-
rante o período de quarentena pelo
novo coronavírus.
LIMPEZA DAS BIKES
Claro que temos a saúde dos nos-
sos usuários e colaboradores como
prioridade (colocamos mais de
200 pessoas em regime de home
office, inclusive nossa central de
atendimento). Desde o começo da
pandemia, também reforçamos os
procedimentos de higienização das
bicicletas e estações em todas as ci-
dades que atuamos na América La-
tina. Além da rotina de limpeza pa-
drão, todos os dias, ainda no galpão,
todas são lavadas com cloro diluído
em água e, nas estações, cada bici-
cleta é limpa com álcool 70%.
Mesmo assim, estamos fazendo
um apelo aos nossos usuários para
que fiquem em casa e deixem as
bicicletas e as cidades para aqueles
que mais precisam.
Ainda é cedo para dizer o quanto
conseguimos aprender de verdade
com esse doloroso processo pelo qual
estamos passando e quais impactos
isso terá na forma como as pessoas
se locomovem. Espero que este mo-
mento contribua para um retorno à
vida normal com o desejo da real li-
berdade de ir e vir, em que as pessoas
se incomodem com o tempo perdido
no trânsito, e optem por formas mais
cientes de deslocamento. efi
exão sobre a mobilidade O novo coronavírus propiciou uma importante refl
A
pandemia causada pela co-
vid-19 vem exigindo dos go-
vernos e cidadãos ao redor do
mundo ações fortes e coordenadas,
muitas vezes próximas aos esforços
de guerra. Uma das consequências
do estabelecimento de quarentena
e isolamento é a restrição ao direito
de ir e vir: dos deslocamentos coti-
uxo de turis- dianos e rotineiros ao fl
mo, passando inclusive pelo trans-
porte de insumos.
Partindo sempre do pressupos-
to de que a nossa maior prioridade
neste momento é combater a pro-
liferação do novo vírus e manter a
nossa saúde, a dos nossos familiares
e a de toda a sociedade, podemos
também ver, nesse cenário, uma sé-
exões sobre mobilidade. rie de refl
A primeira delas é sobre como a li-
berdade de locomoção é algo valioso.
Das pessoas que estão em casa, quem
ainda não sentiu uma vontade enor-
me em dar uma volta nem que seja
pelo quarteirão? Em momentos como
estes, percebemos que não valoriza-
mos a relação que temos com nossas
cidades. Não se trata apenas de sair do
ponto A e ir ao ponto B mas também
sobre a importância de se vivenciar o
espaço público e a comunidade em
nossa qualidade de vida.
FALTA DE CONVIVÊNCIA COMUNITÁRIA
E isso não é algo que conseguimos
vivenciar totalmente mesmo em si-
tuações de normalidade. Seja por-
que os congestionamentos nas gran-
des cidades cerceiam nosso direito
de ir e vir, seja porque vivemos em
cidades que não foram construídas
para a convivência comunitária e
não colaboram para o nosso bem-
-estar quando estamos em público:
desde a falta de parques e espaços
públicos de lazer, passando pela au-
sência de ciclovias e a falta de trans-
portes alternativos, além do grande
volume de asfalto e concreto e das
grandes velocidades nas vias públi-
cas para carros.
exão importan-Uma segunda refl
te e inevitável é sobre os desafios
ambientais que enfrentamos global-
mente. A qualidade do ar das cida-
des em quarentena tem melhorado,
alguns países conseguiram atingir a
meta de redução de carbono no ano,
e quem não viu as fotos dos canais de
Veneza claros e transparentes, sem o
uxo de embarcações circulan-alto fl
do todos os dias?
Quando as cidades começarem a
se mover – e todos torcemos para que
seja logo –, não podemos perder de
vista o impacto negativo que as deci-
Por Summit Mobilidade 2020
C
omo seria o trânsito de uma cida-
de com um sistema de “táxi-ôni-
bus”, em que veículos como mini-
vans (com oito lugares) e micro-ônibus
(com 16 assentos) fossem solicitados sob
demanda por aplicativo de celular? Essa
pergunta foi realizada por pesquisadores
do Fórum Internacional de Transporte
zeram uma projeção de qual (ITF), que fi
seria o impacto desse tipo de serviço em
uma cidade como Lisboa, em Portugal.
Para saber a resposta, os especialistas
analisaram números de 2016, quando
a capital portuguesa tinha 550 mil ha-
bitantes. Naquele período, foram regis-
tradas 1,1 milhão de viagens: 50% dos
deslocamentos foram realizados em car-
ros, motos e táxis; 21%, a pé; e 29% com
transporte público. A simulação elimi-
nou todos os carros das ruas, mas man-
teve os serviços de transporte coletivo.
A conclusão foi de que, com os servi-
ços de mobilidade coletiva sob deman-
da, o deslocamento que custava € 10, em
média, passaria a ter o preço de € 3,8. A
quantidade de veículos na hora do rush
seria reduzida em 63%, eliminando
2 congestionamentos, e a emissão de CO
seria reduzida em 66%.
O serviço sob demanda deve re-
desenhar o sistema público de mobi-
lidade, já que o novo modal agrega os
benefícios dos aplicativos de transpor-
ciência. Com te, aumentando a sua efi
paradas personalizadas, diminui-se o
trajeto e, ao mesmo tempo, transpor-
ta-se um número maior de pessoas,
barateando os custos e aumentando os
ciados pelo sistema.benefi
O modal deve ser ainda mais impor-
tante quando integrado às redes já exis-
tentes de transporte de massa, servindo
como meio de deslocamento nos pri-
meiros e nos últimos quilômetros.
Entretanto, o impacto nas cidades vai
muito além. O transporte sob demanda
pode também democratizar o acesso
aos bens da cidade, como emprego, es-
cola e cultura, uma vez que torna pos-
síveis deslocamentos mais rápidos que
no transporte público comum, como o
realizado por ônibus, e mais econômi-
cos que o transporte individual.
Foto: Getty Images
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texto no digital,
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E NO BRASIL?
l foi referência mundia Curitiba (PR): •
- no transporte público com a implan
o tação do ônibus de trânsito rápid
- (BRT), alterou a lei municipal de mo
o exibilizaçã bilidade para permitir a fl
- de tarifa no sistema público. A mudan
b ça abre caminho para o transporte so
m demanda na cidade, que já conta co
- um estudo para a criação de um apli
cativo de transporte coletivo.
u o serviço começo Fortaleza (CE): •
3 com 18 vans com capacidade para 1
- pessoas cada uma. O sistema funcio
, na nos bairros mais próximos à orla
o como os das praias de Iracema e d
a Futuro, além da região que concentr
- os principais shoppings e universida
a exível, par des. Os veículos têm rota fl
é evitar congestionamentos, e a tarifa
0 de R$ 3,50, com acréscimo de R$ 1,5
para cada quilômetro rodado.
r foi a primeira a recebe Goiânia (GO): •
- o serviço no País e conta com um sis
a tema de 40 vans com capacidade par
- até 14 passageiros cada uma. Nos pri
l meiros cinco meses de operação, 38 mi
r pessoas já se cadastraram para utiliza
a o transporte sob demanda, a maiori
- migrada de deslocamentos com car
s ios ou aplicativos de viagenros própr
a individuais. Os veículos têm uma rot
- predeterminada e embarcam os passa
s geiros em pontos de encontro distante
s até 400 metros do usuário. As passagen
e custam a partir de R$ 2,50 e variam d
acordo com a distância de cada trajeto.
a um São Bernardo do Campo (SP):•
a de band empresa de ônibus com wi-fi
e larga, tomada USB, ar-condicionado
e assentos marcados já faz o transport
é xa do ABC paulista atcom uma rota fi
O nanceiro na capital. a Berrini, centro fi
- serviço chegou a ser suspenso pela pre
- feitura de São Paulo, mas voltou a fun
u cionar. O município também decidi
l ampliar a participação do novo moda
a em outras rotas da cidade e incluiu, n
- licitação do transporte público do muni
cípio, a opção coletiva sob demanda.
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no Summit
Mobilidade 2020,
que será realizado
em 12 de agosto:
summitmobilidade.
estadao.com.br
A vez do transporte
SOB DEMANDA
APLICATIVOS
Nas metrópoles, essas
soluções começam a
ganhar relevância por
tornarem o transporte
coletivo mais acessível,
exível confortável e fl
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é CEO e cofundador Tomás Martins
da Tembici, empresa que opera bikes
compartilhadas nas principais capitais
do Brasil, como Rio de Janeiro e São
Paulo, além de Santiago do Chile
e Buenos Aires, na Argentina
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