Em meio à selva de concreto onde nasceu e vive, a harmonia entre os elementos que geram uma
composição única deleita sua percepção. Entre portas e corredores do Departamento de Astronomia, no
Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da Universidade de São Paulo (USP), onde é
professora titular, o dia dedicado a pesquisar, ensinar e orientar quem se pôs em recente caminhada não
finda com o pôr do sol. As lições se iluminam com as estrelas dançando na noite.
Para o descanso do corpo, a mulher aciona conjuntos de sons que remetem ao seu ofício. Na música
erudita reside a clareza, o equilíbrio, o rigor e a objetividade. Assim, entre escalas harmônicas, repousa o
corpo, alonga a alma.
Como movimentos de uma sinfonia, sua trajetória iniciou com a graduação em Física, depois
o mestrado e o doutorado em Astronomia pela USP e o pós-doutorado na mesma área na
Harvard University e na University of California, Berkeley, nos Estados Unidos. É membro titular da
Academia Brasileira de Ciências.
Praticando o instrumento da pesquisa, integra a orquestra do arranjo de telescópios Cherenkov,
capazes de detectar a radiação da mais alta energia produzida no universo: os raios gama de energias
extremas. Tal qual maestrina, rege proporções e números astronômicos fazendo soar o que os antigos
filósofos pitagóricos já denominavam de “música das estrelas”.
Elisabete Maria de Gouveia Dal Pino