Envoltas em mistério nascem as lendas que povoam o imaginário e buscam explicar fatos aonde a
Ciência ainda não chegou. Na região Nordeste, contava-se sobre um homem velho e maltrapilho que
carregava um saco nas costas e roubava crianças para devorar seus fígados. Como essa, são muitas as
histórias que têm o intuito de alertar e enriquecem assim a cultura popular.
A menina nascida em Maceió (AL) teve uma alegre infância, entre folguedos e brincadeiras com os
irmãos. Ainda pequena, mudou-se com a família para o Rio de Janeiro e, mais tarde, dedicou-se a estudar
e desvendar enigmas que assombram em forma de doenças.
Depois da graduação em História Natural na Universidade Santa Úrsula e do doutorado em Ciências/
Microbiologia e Imunologia na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), fez pós-doutorado em
Química de Carboidratos pelo National Research Council, no Canadá, e em Bioquímica e Glicobiologia
pela University of California, Berkeley, nos Estados Unidos.
Na volta ao Brasil, a doença grave associada à lenda do “Papa-figo” foi seu alvo de pesquisa. A
cientista descobriu que o protozoário Trypanosoma cruzi, agente da doença de Chagas, possui
compostos únicos que interagem com as células do hospedeiro. Titular da Academia Brasileira de
Ciências, professora e pesquisadora do Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho (UFRJ), recebeu o
Prêmio TWAS/Biologia da Academia Mundial de Ciências, em que é membro titular. Foram diversas
premiações e homenagens ao longo da carreira e, com isso, são muitas as histórias para contar.
Em todas elas a ciência é a personagem principal.
Lucia Mendonça Previato