matias

(Zelinux#) #1
fere sendo mais, por que não há de transferir-se a
nobreza sendo menos? A vida é transmissível, e assim
deve ser também a nobreza que a acompanha. Porém
não tiremos erradas consequências. A vida não se pode
dizer que é transferível, e ainda que o fôsse, nem por
isso ficava sendo transferível a nobreza: só o que
existe fisicamente se transfere, mas não aquilo que só
tem uma existência mental. Tudo o que consta de
imaginação unicamente, nem se passa, nem se dá, nem
se transmite. A vida com que vive um, não é a mesma
com que outro vive; a imaginação de um não é a
mesma que outro tem. A vaidade desperta a
imaginação, ou idéia de nobreza, esta não vem como
imaginação herdada, mas adquirida ; e ninguém sabe
que a tem, ou que a não tem, senão depois que o
imagina; naquela imaginação o que se ganha, ou perde,
é um pensamento; e êste quando é falso, não tem
menos entidade, que quando é verdadeiro; porque nas
coisas vãs, a verdade não vale mais do que a mentira.

A vida consiste no movimento, quem primeiro (160) o
causa, é o que se diz ser princípio dêle; mas não se segue
daqui, que a causa que depois se move, fique com alguma
porção do princípio, que a moveu. O braço quando move um
corpo não se comunica a êle; e êsse corpo não recebe em si,
mais do que um impulso; o braço não põe mais do que a fôrça,
que serve de princípio ao movimento, mas nem por isso fica o
corpo, que se moveu, com alguma parte do braço, que o fêz
mover. Em uma mesma luz se podem acender muitas mil
luzes, mas nenhuma desta participa, ou tem em si nada da pri-
meira; cada uma arde em substância própria, dis-

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