FERNANDO JOSÉ HORTO GUIMARÃES LEAL
Mãos aparadoras
Nas minhas mãos, que trêmulas palpitas,
Florbela, a tua essência eu sinto e vejo,
Tecem saudades, versos que só almejo,
Em rimas que em saudades me recitas.
Sim! São mãos que buscam, num mar revolto,
Na vastidão do peito, a paz que falta,
E em versos, a tormenta quiçá salta,
Traduzem o mais triste amor que é solto...
São estas mãos que escrevem fervor da pena...
A dor, a solidão, o amor ausente,
Os sonhos se perderam nesta vida.
Mas nelas, flor de tua alma morena,
Reverbera a paixão, a chama ardente,
É tua voz que ecoa doce e lida.