JARDEL ALCÂNTARA
Sozinho
Não licitamente esperando,
As vestes tardias do vazio,
Vivo num tempo brando,
Mesmo estando por um fio.
Turvo, capaz e desdobrando,
A esperança de ouvir um pio,
Vivi sozinho às hordas beirando...
Calmo, sem dueto, sem um trio.
Solidão das ruínas; a falência,
Sou viril por tanta oscilação,
Sozinho num ar de pendência,
Estranha visível situação.
Com gula, quero cor e coerência,
Um ínfimo poder de criação,
Da mente derivada da ardência...
Sozinho por falta de imaginação.