ANA MEIRELES
Triste sina de errabundo
Descubro, em mim, as dores do mundo
Chamam-me de preto, vil vagabundo
E outras ofensas a doer tão profundo.
Cava dor de alma ser qual errabundo.
Desde séculos essa mácula de horror
Cai sobre a cor, discrimina o pretume.
Valei-nos, Deus, precisa é tua proteção
Aqui na terra de arianos, vivem insanos
Matam pretos, e os colarinhos brancos?
Essas “boas gentes” enganam inocentes
As leis do país não foram feitas para eles
Só para os pretos desde tempos remotos
De modo que é superlativo este desejo
Partir, ir respirar noutros ares de mundos.