nal, diz Crisipo, porque excede as normas da natureza, levando-nos a assentir a
uma opinião ou a um juízo falsos.
A irracionalidade da paixão e o fato de ser contrária à natureza criam um
problema, visto que ela pertence ao campo da tendência e esta é um movimento
natural, conforme ao lógos universal. Como pode ser irracional e antinatural, se é
uma hormé? Como algo que vem da natureza pode opor-se ao natural? Ora, ao
que tudo indica, os estoicos não indagaram como a paixão é possível, mas sim
plesmente constataram sua existência e indagaram o que ela é. Em outras pala
vras, não começaram pela sabedoria e, em seguida, indagaram como a paixão é
possível, mas começaram constatando que os homens são passionais e insensatos
e indagaram como a sabedoria é possível. Não perguntaram, portanto, como a
natureza racional do homem pode tornar-se passional e sim, ao contrário, como
fazer o homem passional pôr-se em acordo consigo mesmo, com os outros e com
a natureza inteira.
No relato de Diógenes de Laércio, quatro são as principais paixões: a dor, o
temor, o desejo e o prazer.
A dor é uma contração irrazoável da alma ou uma falsa opinião sobre um
presumível mal e compreende várias expressões: a piedade (dor semelhante
àquela que sofre alguém que não a mereceu); inveja (diante dos bens de ou
trem); ciúme (quando vemos alguém possuir o que desejamos); o despeito
(quando os outros possuem o mesmo que nós); a pena (tormento profundo); a
aflição (dor aumentada pela reflexão); o sofrimento (a dor penosa); a confusão
(dor irrazoável).
O temor, espera de um mal, é uma falsa opinião sobre um presumível mal
futuro e suas principais expressões são: o medo (temor que faz nascer o terror); a
hesitação (temor da ação a realizar); a vergonha (temor da ignomínia); o horror
(temor de uma representação inabitual); a consternação (temor que emudece); a
angústia (temor do desconhecido).
O apetite irrazoável, o desejo, falsa opinião sobre um presumível bem futu
ro, assume várias formas: a ambição (desejo de honras, glória, riqueza e poder); a
indigência (desejo do que não se pode ter); o ódio (desejo que um mal aconteça a
outrem); a rivalidade (desejo a propósito de uma escolha); a cólera (desejo de pu
nir quem cometeu uma injustiça); o amor (desejo de conseguir a amizade de al
guém cuja beleza nos arrebata); o ressentimento (desejo de vingar-se de alguém
de quem temos rancor); o arrebatamento (que é uma cólera iniciante).
zelinux#
(Zelinux#)
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