caráter oligárquico da república e a escravização dos plebeus por dívidas, reco
nhecia os direitos políticos da plebe e definia o governo de Roma como SPQR, Sena
tus Populusque* Romanus, o Senado e o Povo Romano.
As lutas plebeias prosseguiram durante um século e, em 362 a.C., a plebe
conseguiu mais uma vitória: que um dos cônsules fo sse plebeu e que plebeus pu
dessem ocupar cargos de magistrados inferiores (os cargos da magistratura não
eram remunerados e por isso os plebeus mais pobres jamais puderam tornar-se
magistrados). Visto que a lei determinava que um cônsul, terminado o mandato,
passava a integrar o senado, os plebeus quebraram o monopólio dos patrícios no
senado. Sua vitória final ocorreu em 287 a.C. com a publicação da Lei Hortensia,
que determinava que as decisões tomadas pelas assembleias plebeias - o plebisci
tum, plebiscito -tornavam-se obrigatórias para todo o povo, quer aprovadas ou
não pelo senado. Evidentemente, não estamos diante de revoluções populares
democráticas, mas de uma luta dos plebeus mais ricos contra o monopólio do
poder pelo patriciado, sem contestar jamais o caráter oligárquico da república.
Para compensar o patriciado de suas derrotas políticas, dando-lhe mais ter
ras, e para afastar os plebeus de Roma, fixando-os no campo, Roma fo i anexando
todos os territórios da Itália, completando a conquista em 265 a.c. Inicia-se o
imperialismo militar e econômico romano, cujo primeiro grande momento,
como salienta Políbio, fo ram as três guerras púnicas contra Anibal (na primeira,
Roma conquista a Sardenha e a Sicília, na segunda, a Espanha, na terceira, parte
do Norte da África) com a destruição de Cartago, e a expansão para o Mediterrâ
neo oriental, dominando Grécia, Macedônia e Egito.
Com essas primeiras conquistas, que aumentam o número de latifúndios,
de escravos e da plebe urbana, vinda das terras desapropriadas pelos conquista
dores, surge uma classe social de "homens novos", isto é, aqueles que se enrique
ceram com as conquistas, conseguindo a posse de terras e pequenos títulos de
nobreza. Tornando-se mais complexa social e economicamente, Roma tornou
-se palco do crescimento das lutas sociais e políticas: disputas entre o senado e os
cônsules e entre estes últimos (das quais as mais importantes serão aquelas en
volvendo, primeiro, o senado, Mário e Sila, e, depois, os triúnviros Crasso, Pom
peu eJúlio César), insurreições de escravos (a mais célebre delas tendo sido a re
volta de Espártaco), rebeliões nas regiões conquistadas (entre as quais, as revoltas
das cidades gregas) e a luta dos sem-terra contra os latifundiários, a célebre Revol
ta dos Gracos. 1
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