FOTO: GERMANO LÜDERS *ESTAGIÁRIA SOB SUPERVISÃO DE ELISA TOZZI
Um dia na vida
VOCÊ S/A wMAIO DE 2019 w 17
J
á se foi o tempo em que aqueles que
se formavam em antropologia fica-
vam limitados à carreira acadêmica.
Cada vez mais, esses profissionais
estão sendo recrutados para atuar
na área corporativa. Há demanda
especialmente para quem se espe-
cializou em imersão sociocultural e
consegue analisar hábitos de con-
sumo e necessidades futuras de
diferentes segmentos da população. Para isso, os
antropólogos costumam ir a campo com o obje-
tivo de se aprofundar numa realidade estudada,
seja por meio de entrevistas, seja pela compreen-
são do estilo de vida daquelas pessoas. Aptos em
investigar os códigos humanos, eles ajudam as
empresas a construir ligações entre marcas e
consumidores. “Atuando como um pesquisador
especializado, o profissional traz uma abordagem
que foge do senso comum das pesquisas, que são
mais superficiais”, diz Carla Carvalho, psicóloga
e assessora de carreiras da Catho, plataforma de
busca de empregos. Com os dados em mãos, é
possível prever mudanças no comportamento
(dos indivíduos e da sociedade) e traçar tendên-
cias sobre as práticas de consumo — ouro puro
para as organizações. “Empresas querem inovar
e ressignificar as relações com o cliente, o que,
no futuro, prevê grande participação dos profis-
sionais de antropologia’’, diz Carla.
O campo de trabalho é amplo e tem espaço
até para antropólogos empreendedores, que
fornecem seus serviços para diferentes com-
panhias. Esse é o caso de Carol Zatorre, de 37
anos, da Kyvo Design-Driven Innovation, con-
sultoria de inovação que atua no Brasil e em
Portugal. Formada em sociologia e antropologia
pela Universidade Federal do Paraná, ela tra-
balhou nas consultorias McKinsey e Insitum
antes de fundar a Kyvo em 2015, ao lado de três
sócios. “Pensamos no contexto do produto para
que ele faça sentido na vida de quem vai usá-lo.
Usamos recursos da antropologia, com entre-
vistas e visitas de campo. Utilizamos a teoria
para apresentar para o mercado a diversidade
cultural de seu público”, diz Carol. Com 30 fun-
cionários, entre designers, desenvolvedores e
pesquisadores, a empresa tem entre seus clien-
tes Visa, Samsung e BRF.
O QUE FAZER PARA
ATUAR NA ÁREA
O mercado ainda está
em desenvolvimento e
a capacitação para o
profissional voltado para
a área corporativa ainda
está em construção. Além
da formação em ciências
sociais com habilitação em
antropologia, é desejável
outras capacitações
e especializações,
em marketing ou em
comunicação, por exemplo.
PONTOS NEGATIVOS
w LIDAR COM EXPECTATIVAS
E DESEJOS DAS PESSOAS,
QUE PODEM SER DIFÍCEIS
DE ALCANÇAR.
w FALTA DE RECONHECIMENTO
DA IMPORTÂNCIA DO
TRABALHO DO ANTROPÓLOGO
PELO MERCADO DE
TRABALHO, O QUE PODE
GERAR DESMOTIVAÇÃO.
QUEM CONTRATA
w ÓRGÃOS PÚBLICOS.
w ONGS.
w MUSEUS.
w CONSULTORIAS.
w EMPRESAS DE
BENS DE CONSUMO,
SUSTENTABILIDADE,
INOVAÇÃO E TECNOLOGIA.
*SEGUNDO PESQUISA SALARIALDA CATHO DE 2018
PRINCIPAIS
COMPETÊNCIAS
w ANALISAR E ENTENDER AS
DIFERENTES CULTURAS, FORMAS DE
CONVIVÊNCIA E CONDIÇÕES SOCIAIS.
w CAPACIDADE DE OUVIR E REFLETIR.
ATIVIDADES-CHAVE
Analisar as relações
humanas em diversos
contextos, desvendar
valores culturais que
emergem dos grupos e
identificar tendências
de comportamento
e de consumo.
SALÁRIO
CERCA DE 4 204 REAIS*.
ROTINA DE TRABALHO
HORAS TRABALHADAS: DE 8 A 10 HORAS DIÁRIAS
PONTOS POSITIVOS
w LIDAR COM PESSOAS.
w ESTAR NO CAMPO
DE PESQUISA.
w INVESTIGAÇÃO DE
GRUPOS SOCIAIS.
w PENSAR EM FORMAS
DE MELHORAR A VIDA
DAS PESSOAS.
20 %
(^) NO CAMPO
EXECUTANDO PESQUISA
20 %
(^) NA BUSCA DE CLIENTES
60 %
(^) NA ESTRATÉGIA/GESTÃO
DOS PROJETOS
DIVISÃO DO TEMPO:
O CÁLCULO SE BASEIA NO TRABALHO DE UM ANTROPÓLOGO QUE ATUE COMO CONSULTOR