REVISTA VOX - 6ª Edição

(VOX) #1

passar pela política. A Amnap é o
caminho? Acredita nesta organização?
Quando estudamos a Amnap perce-
bemos que, quando os presidentes são
de cidades pequenas, a Associação pen-
sa mais regionalmente. Exemplo disso
foram as gestões do Toninho [Antônio
Alves, ex-prefeito de Parapuã] e Furini
[Hélio Furini, prefeito de Junqueirópo-
lis]. Então, quando a cidade é pequena
há uma preocupação regional maior.
Quando os presidentes são de cidades
maiores, até tentam, mas o rivalismo é
mais evidente.
O perfil do Ivo [Francisco dos Santos
Júnior, atual presidente da Amnap e
prefeito de Adamantina] é interessante,
pois pensa o coletivo. Tenta mudar essa
realidade, mas existem dois poréns. Pri-
meiro, a gestão é somente de dois anos.
E outro, só pode ser eleito por mais uma
vez, se tornando um período curto para
colocar em prática as ideias.
Como não há estudo regional, não
dá tempo para desenvolver projetos
isolados.
Um exemplo sobre a importância da
Amnap é a ponte de Paulicéia. Quando
buscamos os registros mais antigos,
em 1954, há registro de que se cobra
a ponte. Ela foi acontecer em 2007.
Determinadas ações de maior montan-
te passam pela chamada “corrida do
bastão”. Um leva um pouco e entrega
para outro, que segue mais um pouco e
entrega para o outro, e segue. O bastão
continua até o seu objetivo, mas as
pessoas vão ficando pelo caminho. E
sistemas regionais trabalham dessa
forma.
Consórcio é uma forma de aproxi-
mar mais os municípios?
Tupã possui consórcio há muito
tempo. Dracena e Osvaldo Cruz tam-
bém possuem alguma estrutura do tipo
com municípios vizinhos. Já Adamanti-
na não consegue essa cultura com as
outras cidades. O consórcio é o cami-
nho, principalmente para infraestru-
tura, contribuindo principalmente aos
municípios menores que não possuem
demanda, por exemplo, para adquirir
uma máquina grande e ficar boa parte
do ano ociosa.
Outra questão para pensar é que
dinheiro tem, seja estadual ou federal.
Cobramos educação, saúde e tudo
mais. A partir da Constituição de 1988,
artigo 23, reconhece os municípios


como entes federados. Assim, tam-
bém foi repassado responsabilidades,
a questão da municipalização. Então,
hoje, educação, saúde, agricultura, são
municipalizados. Essas questões que
tanto cobramos são de competência
das cidades. O município sozinho não
dá conta, claro que precisa da reta-
guarda do Estado e da União, é quando
acontece o equívoco. Esperamos que
as políticas venham de cima para baixo,
mas é ao contrário. O município tem
que ter um projeto para pedir. Como o
Governo do Estado conseguirá desen-
volver projetos para 645 municípios,
cada um com uma demanda própria?
Tem que partir das cidades e, quando
isso acontece, esbarra na falta de corpo
técnico para desenvolver os projetos.
E esse braço técnico tem que estar
vinculado à universidade. Se a região
consegue definir prioridades, ela conse-
gue também definir aonde quer chegar.
A eleição de deputado federal pode
contribuir para este crescimento?
Na verdade, somos área de pesca
de votos. Um leva 300 votos, outros
500, e assim segue ano após ano. Tem
deputado que nunca vimos na vida, mas
teve 50 ou mais votos. É uma área de
pesca de votos, quando deveria ser ao
contrário. Se existe o projeto, aquele
deputado que trabalha com essa deter-
minada área, é que procurará a região.
Se não, vem com o discurso dele, vem
na época de eleição com aquele vergo-
nhoso folheto, R$ 5 mil para Santa Casa,
R$ 30 mil para outra instituição, tudo
isso é questão orçamentária já definida.
Mas, algo que dará continuidade, uma
política afirmativa, falta. Na questão
dos presídios, quem está preocupado
com a descarga dos banheiros dos
presídios? Algo que ninguém está
preocupado. Quantos têm tuberculose,
Aids, Hepatite, quem fiscaliza isso?
Muitos descartam o esgoto in natura
em córregos e mananciais. No mínimo,
o saneamento deveria ser referência.
Trabalhar em questões regionais é ne-
cessário representantes que participam
do contexto da Alta Paulista.
O que esperar?
A região tem jeito apostando na
nova geração, que é pragmática. Já
mudou a cara da Alta Paulista, mas
falta articulação e chegar mais próximo
de quem está tentando fazer alguma
coisa e, Adamantina está tentando. São

iniciativas pequenas, mas que podem
acontecer. Adamantina deve retomar
esse papel regional, se aproximar para
tentar fortalecer a Alta Paulista.

Trabalhadores iniciam construção da ferro-
via na década de 40. Acima, a chegada do
trem na Alta Paulista
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