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A4 QUINTA-FEIRA, 23 DE ABRIL DE 2020 O ESTADO DE S. PAULO
COLUNA DO
ESTADÃO
Política
»O que... Governadores da
Amazônia levaram a Hamil-
ton Mourão a preocupação
com o desmatamento. Hou-
ve uma queda nas fiscaliza-
ções, principalmente, por
dois motivos: 1) muitos fis-
cais do Ibama são do grupo
de risco e não podem ir a
campo em meio à pande-
mia; 2) policiais nos Esta-
dos que fazem boa parte
das escoltas estão ocupa-
dos com a covid-19.
»Recreio. Sobre as linhas
gerais da reabertura econô-
mica anunciada por João
Doria (PSDB), um astuto
observador alerta: a saída
só será mesmo para valer
quando as escolas (públicas
e privadas) retomarem as
atividades presenciais, algo,
até agora, sem a menor pre-
visão de ocorrer, conforme
apurou a Coluna.
»Rumo... O presidente da
Coalização de Saúde (ca-
deia produtiva da área) e
do Conselho Deliberativo
do Hospital Albert Eins-
tein, Claudio Lottenberg,
considera o plano de reto-
mada da atividade econômi-
ca proposto pelo governo
de SP “robusto e consisten-
te”, apesar de não ser de
execução simples.
»...certo. Para Lottenberg,
o isolamento foi fundamen-
tal para achatar a curva epi-
demiológica em SP, que era
o objetivo inicial de todo o
processo. “O plano é uma
volta gradual responsável,
com decisões baseadas em
dados e evidências, pactuan-
do setores de produtivida-
de com a saúde”, diz.
»Fará falta. Mauro Ricar-
do Costa, que deixa a Secre-
taria Municipal de Governo
de São Paulo, conforme an-
tecipado pelo blog da Colu-
na , era o chefe estratégico
do Plano de Metas da atual
gestão. Perda grande para o
prefeito Bruno Covas
(PSDB) em ano de eleição.
»Marshall. Para José Ricar-
do Roriz Coelho, vice-presi-
dente da Fiesp e presidente
da Abiplast, o “Plano
Marshall”, antecipado pela
Coluna e anunciado pelo
governo, é bem-vindo, mas
será preciso desatar alguns
nós como, por exemplo, di-
minuir o “custo Brasil”.
»Marshall 2. “Estamos
com um problema enorme,
de curto prazo. As empre-
sas sairão muito debilitadas
e, no fim da crise, vamos
todos precisar de uma estra-
tégia de médio e longo al-
cance. Lamento apenas que
tenha sido elaborado e cons-
truído sem a consulta e a
participação dos setores
produtivos, fundamentais
para a retomada.”
»Dica. Após viabilizar acor-
do para não demitir terceiri-
zados e reduzir salários em
Goiás, Ronaldo Caiado dis-
se: “Governo só avança se
houver diálogo constante
entre os Poderes”. Para
bom entendedor...
»CEP errado. No fim de
semana, um perfil furioso
cravou no Twitter que Ba-
leia Rossi estava conspiran-
do a portas fechadas em
Brasília. O presidente do
MDB não se conteve e la-
crou: “Eu moro em Ribei-
rão Preto, estou em casa”.
COM MARIANA HAUBERT E
MARIANNA HOLANDA
D
iante de evidências de um exponencial crescimen-
to no desmatamento durante a pandemia da covid-
19, o governo federal planeja editar uma Garantia
da Lei e da Ordem (GLO) para a Região Norte. A medida
emergencial está em estudo na área jurídica do Ministério
da Defesa, mas conta com aval do Meio Ambiente, do Con-
selho da Amazônia e do presidente da República, Jair Bol-
sonaro. No ano passado, a região foi parar nas manchetes
mundo afora por causa das queimadas. Na ocasião, o go-
verno também fez uso de uma GLO de dois meses.
Governo analisa nova
GLO para a Amazônia
ALBERTO BOMBIG
TWITTER: @COLUNADOESTADAO
[email protected]
POLITICA.ESTADAO.COM.BR/BLOGS/COLUNA-DO-ESTADAO/
‘Desigualdade fragiliza
o País’, afirmam
economistas. Pág. A
Brazil Conference
Bolsonaro tenta diminuir
tensão com o Judiciário
Presidente envia mensagem em tom conciliador ao presidente do STF, Dias Toffoli, que
horas depois abre sessão plenária da Corte com um discurso em defesa da democracia
Vinícius Valfré / BRASÍLIA
Nem 24 horas depois de o Su-
premo Tribunal Federal
(STF) autorizar a abertura de
inquérito para investigar
quem organizou e financiou
atos em defesa da ditadura,
no domingo, o presidente
Jair Bolsonaro fez um gesto
em busca de pacificação com
a Corte. Logo pela manhã, Bol-
sonaro repassou ao presiden-
te do STF, Dias Toffoli, uma
mensagem pelo WhatsApp,
em tom conciliador. Horas
mais tarde, Toffoli abriu a ses-
são plenária do Supremo com
um discurso em defesa do tri-
bunal e da democracia.
“Não há solução para as cri-
ses fora da legalidade constitu-
cional e da democracia, ambas
salvaguardadas pelo Supremo
Tribunal Federal. Devemos,
portanto, reafirmar nosso com-
promisso com os valores repu-
blicanos e democráticos, com
os valores da liberdade, da igual-
dade e da justiça social, histori-
camente consolidados”, afir-
mou o presidente da Corte.
O texto encaminhado por
Bolsonaro a Toffoli defende a
liberdade de expressão, mas
sem atacar o Supremo e o Con-
gresso. “Aqueles que pedem in-
tervenção militar (art. 142) AN-
TES devem decidir qual general
ocupará a cadeira do Capitão
Jair Bolsonaro”, diz a mensa-
gem, sem assinatura, antecipa-
da pelo site BR Político.
“Aqueles que pedem AI-5 AN-
TES devem mostrar onde está
na Constituição tal dispositi-
vo”, prossegue o texto, que cita
artigos da Carta. O AI-5 foi o
mais duro ato da ditadura (
a 1985): revogou direitos funda-
mentais, instalou a censura nos
meios de comunicação e dele-
gou ao presidente o poder de cas-
sar mandatos de parlamentares.
Escalada. O Estado apurou
que Bolsonaro decidiu enviar a
mensagem – mesmo não tendo
sido escrita por ele – ao saber
que Toffoli continuava perple-
xo com a sua participação nas
manifestações do Dia do
Exército. O magistrado che-
gou a telefonar no domingo pa-
ra o ministro da Defesa, Fer-
nando Azevedo, mostrando
preocupação com uma escala-
da autoritária no País.
Naquele dia, diante do QG do
Exército, Bolsonaro atacou a
“velha política” e gritou pala-
vras de ordem como “não quere-
mos negociar nada” e “acabou a
época da patifaria”. Para Toffoli,
a simples presença de Bolsona-
ro em um ato com aquele con-
teúdo passava um sinal ruim. Ha-
via ali faixas e cartazes pregando
o fechamento do Congresso e
do Supremo. Além disso, apoia-
dores de Bolsonaro pediam a
reabertura do comércio e o fim
do isolamento social em meio à
pandemia do coronavírus.
O inquérito para apurar “fa-
tos em tese delituosos” envol-
vendo as manifestações foi
aberto pelo ministro do STF
Alexandre de Moraes, a pedido
do procurador-geral da Repúbli-
ca, Augusto Aras.
Ao acionar a Corte, Aras
não citou especificamente
Bolsonaro. O Ministério Pú-
blico Federal identificou indí-
cios de participação de pelo
menos dois deputados fede-
rais bolsonaristas na organiza-
ção dos atos de domingo. Eles
estão na mira da investigação
e há também suspeitas de que
empresários aliados de Bolso-
naro estejam bancando mani-
festações, assim como ata-
ques ao Congresso e ao Supre-
mo nas redes sociais.
Ao determinar a abertura
de investigação sobre os atos,
Moraes concluiu que o episó-
dio é “gravíssimo”, pois aten-
ta contra o Estado Democráti-
co de Direito e suas institui-
ções republicanas. O ministro
destacou, ainda, que a Consti-
tuição “não permite o finan-
ciamento e a propagação de
ideias contrárias à ordem
constitucional e ao Estado De-
mocrático, nem tampouco a
realização de manifestações
visando o rompimento do Es-
tado de Direito”.
Ontem, Moraes abriu prazo de
cinco dias para Bolsonaro infor-
mar à Corte sobre medidas adota-
das pelo governo no combate ao
novo coronavírus. A decisão foi to-
mada em ação movida pelo PT
( mais informações nesta página ).
Dayane Pimentel
»SINAIS
PARTICULARES.
Baleia Rossi,
deputado (SP) e
presidente
do MDB
KLEBER SALES/ESTADÃO
O
presidente Jair Bolsonaro sempre apreciou as joga-
das do argentino Diego Maradona. Na sua avalia-
ção, porém, aquela “mão de Deus” usada pelo cra-
que no polêmico gol da Copa de 1986, diante da Inglaterra,
será ressuscitada na Praça dos Três Poderes, para deixar o
governo na marca do pênalti. Nos bastidores, Bolsonaro
tem dito que o sinal verde dado pelo Supremo para vascu-
lhar quem financiou as manifestações de domingo – na
qual seus apoiadores defenderam a intervenção militar – é
mais uma peça armada por “inimigos”, na tentativa de der-
rubá-lo. Além disso, a investigação está a cargo do minis-
tro Alexandre de Moraes, sorteado para cuidar do caso.
“Como diria Maradona: ‘Foi a mão de Deus’”, resumiu
um magistrado, ao saber que o algoritmo do Supremo dei-
xou, por “acaso”, o inquérito justamente com Moraes. Co-
nhecido como “linha dura” entre seus pares, Moraes é o
mesmo que trata de outra investigação, ainda em curso,
desta vez para apurar ameaças dirigidas a integrantes da
Corte. Esse inquérito, aliás, já identificou empresários bol-
sonaristas que bancam ataques nas redes sociais.
Depois de ter usado a caçamba de uma caminhonete co-
mo palanque diante de manifestantes pedindo o fechamen-
to do Congresso e do STF, no domingo, Bolsonaro disse
não ter dirigido uma palavra contra as instituições. “Onde
foi que eu errei?”, perguntou ele a ministros-generais com
quem se reuniu, ainda naquela noite.
O presidente sabe a força e o simbolismo de seus gestos.
Tenta, porém, driblar a nova crise culpando imprensa e ou-
tros Poderes. Emite sinais trocados e lança balões de en-
saio. Nessa toada, há movimentos contraditórios, como a
busca de apoio do Centrão, e frases inexplicáveis, como o
“alerta” sobre o poder de sua caneta. “Se tiver que demitir
qualquer ministro, demito. Não estou ameaçando. Agora, se
ele desviar-se daquilo que eu prometi durante a campanha,
está no governo errado”, afirmou Bolsonaro, na segunda-fei-
ra. “Vá para outro barco. Vá tentar em 22”, emendou, numa
referência à eleição presidencial de 2022. De quem ele estava
falando? Há quem aposte que o recado foi para Sérgio Moro
(Justiça). Outros, para Paulo Guedes (Economia). Nesses
tempos nublados, só a mão de Deus para responder...
PANDEMIA DO CORONAVÍRUS
PRONTO, FALEI!
Moraes dá prazo de 5
dias para presidente
explicar ação na crise
Presidente acha que ‘mão
de Deus’ invade o Supremo
FELLIPE SAMPAIO /SCO/STF
STF. Dias Toffolli, presidente da Corte, ontem, durante sessão; para ministro, ‘não há soluções para crises fora da democracia’
“A diferença entre Bolsonaro e Maia é que o segundo
não esconde de ninguém que busca espaço, enquan-
to o presidente tinha prometido não lotear cargos.”
Deputada federal (PSL-BA)
lO ministro Alexandre de Mo-
raes, do Supremo Tribunal Fede-
ral, abriu prazo de cinco dias pa-
ra o presidente Jair Bolsonaro
informar à Corte sobre medidas
adotadas pelo governo federal
no combate ao novo coronavírus.
A decisão foi tomada em ação
movida pelo PT contra suposta
‘postura omissiva’ do Planalto
durante a pandemia. Na ação, o
partido pediu ao Supremo para
Bolsonaro se abster de realizar
manifestações que possam
“comprometer o engajamento
da população” em relação a me-
didas de isolamento social e a
proibição de “indicação de medi-
camentos cuja eficácia não te-
nha sido comprovada”.
A legenda citou a ida de Bol-
sonaro às manifestações de 15
de março, contrariando as reco-
mendações de isolamento da-
das ao próprio presidente, o pro-
nunciamento em que Bolsonaro
classificou o coronavírus como
‘gripezinha’ e a campanha ‘O
Brasil Não Pode Parar’, suspen-
sa por ordem judicial e cuja di-
vulgação o Planalto nega ter
ocorrido, apesar das publica-
ções feitas nas redes sociais. /
PAULO ROBERTO NETTO
»CLICK. Entre as telecon-
ferências de Tereza Cris-
tina ontem, uma foi com
a Contag, na qual a minis-
tra recuou na unificação
do Plano Safra: neste
ano, serão dois.
REPRODUÇÃO/INSTAGRAM
]
BASTIDORES: Vera Rosa
Canal Unico PDF - Acesse: t.me/jornaiserevistas