Aero Magazine - Edição 311 (2020-04)

(Antfer) #1

MAGAZINE 311 | (^21)
palmente aqueles com doenças
associadas (comorbidades), como
hipertensão arterial, diabetes,
tumores, insuficiência renal e
enfisema pulmonar. A hipertensão
arterial parece ser uma comor-
bidade particularmente preocu-
pante, talvez pelo tipo de medi-
camento utilizado por diversos
pacientes. Isso, porém, ainda não
está comprovado.
A taxa de letalidade total da
nova doença ainda é difícil de
ser estimada em razão da grande
variedade entre as populações
acometidas. Um caso sobre o qual
epidemiologistas e estatísticos se
debruçam é o do navio Diamond
Princess. Foi diagnosticado um
caso de covid-19 a bordo e, em
3 de fevereiro, o navio inteiro
entrou em quarentena, obrigado
a permanecer atracado no porto
de Yokohama, no Japão, por
quase dois meses. Nesse período,
com 3.711 pessoas a bordo entre
passageiros e tripulantes, 712
acabaram contraindo a doença
com 10 mortes. Foram desem-
barcados apenas em 26 de março
com o término da quarentena.
Nesse caso, a taxa de letalidade foi
de 1,4%, lembrando que os dados
não podem ser extrapolados para
outras populações.
PAPEL DA AVIAÇÃO
É intuitivo que a aviação tenha
papel relevante na transformação
de uma epidemia em pandemia.
Uma epidemia é a ocorrência de
vários focos em inúmeras regiões.
Ela pode ser municipal (como
aconteceu com a dengue, afetando
alguns bairros – se ocorre em um
só bairro, normalmente é tratada
por “surto”), estadual (como ocor-
reu em alguns estados do Nordeste
com o Zika vírus) ou nacional.
Transforma-se em pandemia
quando atinge diferentes países
em diversas partes do globo.
A gripe espanhola, que dizi-
mou 5% da população do mundo
no final da Primeira Guerra Mun-
dial, levou no mínimo dois meses
para chegar à América. O sarampo
e a varicela, causa da morte de
muitos astecas e incas, vieram nas
caravelas. No passado, se um vírus
altamente letal fosse embarcado,
provavelmente não chegaria ao
seu destino, porque a tripulação
do barco pereceria.
Com o advento da aviação, um
ser humano portando um vírus
pode, virtualmente, sair de um
ponto na terra e chegar a qualquer
outro em menos de 24 horas. Um
vírus em período de incubação faria
essa viagem sem que o hospedeiro
apresentasse quaisquer pistas da
moléstia. Chegando ao destino,
rapidamente poderia disseminar a
doença. Dias depois de sua chegada,
quando a doença surgisse, já haveria
A GRIPE ESPANHOLA, QUE
DIZIMOU 5% DA POPULAÇÃO
DO MUNDO NA PRIMEIRA
GUERRA, LEVOU DOIS MESES
PARA CHEGAR À AMÉRICA

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