Elle - Portugal - Edição 369 (2019-06)

(Antfer) #1

FOTOS: LE MOT (3); INSTAGRAM (4)


odemosaténãonosaperceber,mas
todasas manhãsquandoacordamos
e nosdirigimosatéaonossoarmário
(ouseformosmaisafortunados,até
aonossocloset)paraescolhero que
vestir,estamosa fazermuitomaisdoquesim-
plesmentea cobriro nossocorpinhocomuns
traposqueo protegem.Estamos,naverdade,
a dizerao mundocoisascomo“amoas curvas
domeucorpo”,“hojequeroserinvisível”ou
simplesmente“olhemparamim”.Istoporque
(querqueiraquernão)a roupaconsegue
falar.Porvezes,fá-losubtilmente,através
de padrões,cores,tecidos...Noutras,de maneira
maisdireta,recorrendoa palavrase a frases.
E foiprecisamenteestaúltimaformadada
comoexemploquefoiescolhidapelaLeMot,
em2017,parase apresentaraomundo,di-
zendoqueé (ouquepodeperfeitamenteser)
«crèmedela crème».
Mascomoé queumamarcadignadevários
hashtagse fotografiaspublicadasnoInstagram
nasce?AtravésdaenormepaixãoqueSusana
Santosnutrepelaindústriada moda.E não,ela
nuncaestudouparaserdesigner.Naverdade,
o percursodafundadoradamarcaportuguesa
é bastante(diga-se)peculiar.Inicialmente,o
seuobjetivoeratornar-sejornalistademoda,
tantoquechegoumesmoa trabalharnaárea,
aqui,naELLEPortugale naextintarevistade
modafemininaparaadolescentesRagazza,mas
depoisdeunstempos,decidiuqueestavana
horade conhecero mundo.SusanaSantosmu-
dou-seentãoparaParisparaestudarMarketing
e ManagementdeModa,noquedeveriaser
umaexperiênciadeumano.Eventualmente,
o prazoacabouporir aumentando.«Tivea
oportunidadedeficaremParis,ondearranjei

trabalho,naNinaRiccie naJean-PaulGaul-
tier»,disseSusanaSantosà ELLE,clarificando
que«naJean-PaulGaultier,estivenodepar-
tamentodecomunicaçãoe nodepartamento
deAltaCostura(...),fizissoduranteumanoe
meio,e depoisna NinaRiccitrabalheidurante
trêsanosnodepartamentodecomunicação,
ondeerabasicamentea assistentedodiretor
decomunicação».
Seisanosdepois,a fundadoradaLeMot
estavaprontapararegressaraoseupaísnatal.
Masnoretornonãoforamossóasmalas
queviajaramconsigodevoltaa Portugal,
mastambémo desejodetrazerumpoucodo
“jene saisquoi”paraumamarcasua:«Játinha
estaideiade quererfazerumacoisaminha,e já
andavaa pensarquequeriafazerumacoisacom
t-shirts,porqueé umapeçaqueadoro,queé
muitosimples,e quetodasas pessoastêmno
guarda-roupa,é divertida...e depois,pronto,
(...)fiz umaexperiencia.Produzi 100 t-shirtse
vendi-astodasnummês(...)A partirdaí,a mar-
ca foicrescendoaosbocadinhos»contou-nos.
Desdeesseverãode 2017,a marcaexpandiu-se.
Alémdast-shirts,desdeentãoSusanaSantos
acrescentouaindacamisolas,camisolascom
capuze t-shirtssemmangas.Masnãovaificar
poraqui.Embreve,a marcaportuguesaterá
tambémt-shirtsparacriançae umalinhaem
algodãoorgânico,e se tudocorrerbem,parao
inverno,poderemosinclusivamenteterpeças
feitasemmalha.
Tendoditotudoisto,restaaindaesclarecer
doispontossobrea marca:o primeiroé queas peças
sãointeiramentefeitasde raize produzidasnuma
fábricaemGuimarães;o segundo,queas peçase
frases(coma exceçãode,porexemplo,a icónica
“Crèmede la crème”)sãode ediçãolimitada.

MARCA DOMÊS


DE LA CRÈME


DO MUNDO REAL
PARA O DIGITAL
Um dos fatores que
ajudaram a Le Mot
a tornar-se um verdadeiro
sucesso, foram as
redes sociais. Numa
era completamente
dominada pelo Instagram
(que acabou por se tornar
uma espécie de loja
digital que está aberta
24h para o mundo inteiro),
esta é, provavelmente,
uma das melhores
ferramentas usadas
para internacionalizar
uma marca. E Susana
Santos teve a prova disso.
Eva Chen, Camila Coelho,
Leandra Medine, Vic
Ceridono, Blanca Mirá,
Lilly Pebbles e Alex
Stedman foram algumas
das influencers que já
partilharam fotos com
as suas peças Le Mot.

P

Se as palavras têm poder, as que se estampam nas peças da Le Mot
têm em si não só a carga do seu significado mas também a vontade
de as usarmos. Por Vítor Rodrigues Machado
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