National Geographic - Portugal – Edição 217 (2019-04)

(Antfer) #1

48 NATIONALGEOGRAPHIC


No Sudão do Sul, Rose
Asha Sillah (na imagem,
acompanhada da filha)
ajudou a criar uma
empresa madeireira
que foi crescendo até
se transformar num
negócio que emprega
35 funcionários. Em
Bidibidi, fundou um
centro feminino que
ensina a bordar e a
cultivar o solo a cerca
de quatrocentas
mulheres. Sem
instituições financeiras
disponíveis, até os
empresários inovadores
enfrentam dificuldades,
mas Rose acha que vale
a pena. “Vamos passar
dez anos a chorar pelo
Sudão do Sul?”,
pergunta. “É preciso
seguir em frente.”

A Fundação
Internacional Women’s
Media concedeu apoio
para a reportagem de Nina
Strochlic sobre o Uganda.

S


SOB UMA NESGA DE SOMBRA projectada por um candeeiro


de rua alimentado a luz solar, David Kwaje introduz dados


estatísticos no seu smartphone. ¶ Protegido da dureza do


sol, avista no topo de uma colina a sequência de armazéns


pintados de branco onde os moradores recolhem rações


alimentares e, mais adiante, dois grandes depósitos de


água que abastecem as torneiras instaladas à beira da


estrada. Recipientes amarelos brilham por todo o lado.


¶ Durante a semana, Kwaje caminhou por estradas de


terra batida, identificando cada empresa, igreja, escola,


centro de saúde, torneira e ponto de electricidade num


mapa digital. Quando ele e outros cartógrafos concluírem


o seu trabalho, terão criado um guia de acesso aberto de


uma área com uma dimensão duas vezes superior à de


Paris. ¶ Eis Bidibidi. Com 250 mil residentes, na região


setentrional do Uganda, é o segundo maior campo de refu-


giados do mundo, a seguir ao dos rohingya, no Bangladesh.


¶ Kwaje, de 26 anos, chegou aqui há dois anos. À sua volta,


foi arrasada uma floresta. Foram rasgados 400 quilómetros


de estradas entre o capim e os rios, abrindo espaço para


uma torrente de refugiados que fugiram da guerra, travada


um pouco mais a norte. Ele e a família construíram um


aglomerado de casas de adobe num lote de terreno. Casou-


-se e teve um filho. Agora, trabalha para a organização sem


fins lucrativos Humanitarian OpenStreetMap Team e está


a documentar a transformação de Bidibidi – de campo de


refugiados temporário numa cidade permanente.

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