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No Sudão do Sul, Rose
Asha Sillah (na imagem,
acompanhada da filha)
ajudou a criar uma
empresa madeireira
que foi crescendo até
se transformar num
negócio que emprega
35 funcionários. Em
Bidibidi, fundou um
centro feminino que
ensina a bordar e a
cultivar o solo a cerca
de quatrocentas
mulheres. Sem
instituições financeiras
disponíveis, até os
empresários inovadores
enfrentam dificuldades,
mas Rose acha que vale
a pena. “Vamos passar
dez anos a chorar pelo
Sudão do Sul?”,
pergunta. “É preciso
seguir em frente.”
A Fundação
Internacional Women’s
Media concedeu apoio
para a reportagem de Nina
Strochlic sobre o Uganda.
S
SOB UMA NESGA DE SOMBRA projectada por um candeeiro
de rua alimentado a luz solar, David Kwaje introduz dados
estatísticos no seu smartphone. ¶ Protegido da dureza do
sol, avista no topo de uma colina a sequência de armazéns
pintados de branco onde os moradores recolhem rações
alimentares e, mais adiante, dois grandes depósitos de
água que abastecem as torneiras instaladas à beira da
estrada. Recipientes amarelos brilham por todo o lado.
¶ Durante a semana, Kwaje caminhou por estradas de
terra batida, identificando cada empresa, igreja, escola,
centro de saúde, torneira e ponto de electricidade num
mapa digital. Quando ele e outros cartógrafos concluírem
o seu trabalho, terão criado um guia de acesso aberto de
uma área com uma dimensão duas vezes superior à de
Paris. ¶ Eis Bidibidi. Com 250 mil residentes, na região
setentrional do Uganda, é o segundo maior campo de refu-
giados do mundo, a seguir ao dos rohingya, no Bangladesh.
¶ Kwaje, de 26 anos, chegou aqui há dois anos. À sua volta,
foi arrasada uma floresta. Foram rasgados 400 quilómetros
de estradas entre o capim e os rios, abrindo espaço para
uma torrente de refugiados que fugiram da guerra, travada
um pouco mais a norte. Ele e a família construíram um
aglomerado de casas de adobe num lote de terreno. Casou-
-se e teve um filho. Agora, trabalha para a organização sem
fins lucrativos Humanitarian OpenStreetMap Team e está
a documentar a transformação de Bidibidi – de campo de
refugiados temporário numa cidade permanente.